Poesia Gótica + linguagem moderna = Poesia Paralela
Poesias que fluem da alma, muitas vezes sem explicação, mas muitas vezes delimitando o caminho

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Lembranças do que nunca existiu

Hoje acordei sem ter certeza se tudo era real, ou o que estava a minha volta ainda era o sonho; aquele do qual eu nunca acordo. Percebi que continuam faltando os mesmos tijolos de sempre, continuam os mesmos buracos de sempre. Acabei escutando uma música que não deveria ter escutado, e tudo voltou novamente ao ponto onde quase enlouqueci, onde por um instante mágico da vida me foi mostrado tudo aquilo ao qual eu teria direito se tivesse feito as coisas corretamente. Sabe, é um peso enorme saber que você poderia ter acertado tanto em tantas coisas “simples”, mas nós temos o dom de tornar tudo complicado; parece que não sabemos conviver com a simplicidade. Eu só tinha que ser natural, espontâneo, fiel aos meus sentimentos. E acima de tudo, acreditar neles. Mas não o fiz, e como prova e castigo por meus erros, tive que ver tudo aquilo que perdi, e só aí entendi que tudo poderia ser diferente. Não que considere minha atualidade um caminho sem sentido, mas é difícil descobrir que você está dentro de um planeta, mesmo tendo tudo que você considera que precisa, e de repente descobre que existe o “universo”, onde existe muito mais do que você um dia pensou que existisse. Inclusive, a felicidade absoluta. Aquela onde não existem falhas nem brechas por onde o seu sentimento se perde. Descobri que me limitei às coisas mortais, e ignorei como tantas outras pessoas aquilo que eu não via, e assim considerava como impossível. Meu chão me falta novamente, e sinto novamente no ar aquele perfume inconfundível que a felicidade ( e só ela ) consegue trazer. Aí me lembro... perdi uma parte de mim.Como tantas e tantas outras coisas na minha vida, eu perdi um pedaço de mim. Sensação de erro, incompetência, falha, devagar no tempo; foram várias as coisas que me fizeram cair neste imenso buraco de onde vejo a realidade passar agora. Realidade que não tem mais a mesma cor, nem o mesmo cheiro, nem o mesmo toque, nem o mesmo olhar. O brilho se foi, e com ele as minhas certezas e minhas convicções, aquelas que estavam cravadas em minha alma e eu acabei lavando-as de mim com o próprio fogo onde se esculpiram as lanças da minha morte. Dói muito lembrar de tudo isto... O que uma música não consegue fazer com a gente... As lembranças viajam através de qualquer coisa, inclusive uma música; mesmo que seja a última. Porque faço questão de guardar tantas pedras na minha vida, quando ainda há tantas pedras preciosas espalhadas pelo chão que insisto em não olhar quando passo ? Porque é tão difícil viver assim, olhando de longe o passado que fiz questão de construir à minha volta, e que não me deixa mais andar em paz, pois faz questão de fazer tanto barulho que não esqueço dos erros que cometi e que trago comigo, pesando em minhas costas mais do que a penitência por alimentar um fogo que não queima em três elementos, mas apenas em dois. Complicado mesmo... Não quero mais ficar olhando pra trás a toda hora que uma lembrança bate em minha porta, não quero mais ficar pensando nos “se” da vida. O que faz parte do passado, mesmo que sejam decisões não tomadas, devem permanecer lá. Elas não levam mais a lugar nenhum a não ser à incessante dor daquilo que não se tem certeza. Eu não tenho certeza, e nunca vou ter, porque não tentei. Apenas vi, e me deixei encantar pela beleza do destino que nunca mais iria voltar. Por isso me restaram apenas as lembranças; lembranças de uma magia que se perdeu com tempo, que não tem dó nem pena daqueles que não abrem os olhos a tempo de ver sua janela aberta e a felicidade do outro lado, te esperando. O tempo já levou tudo embora. Não quero mais ouvir esta música. Não quero mais estas lembranças; não quero mais sofrer por coisas que nunca aconteceram. Sofremos por aquilo que fazemos, e não por aquilo que deixamos de fazer. Quero e preciso mudar.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Paradigma

Hoje o espaço não é meu. É uma indicação, que acabei de assistir e não poderia deixar de recomendar. Novidade, e fantástico. Quem puder, não deixe de acompanhar. www.ladonix.com

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Paradigma

Na vida da gente geralmente tem tanta gente puxando para baixo, que faço questão de deixar meu protesto aqui, em espanhol que é mais meu estilo, e que todo mundo mesmo assim vai entender: "Mejor solo que mal acompañado".

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Simplesmente normal

Estive um tempo fora; acho que é visível pelo tempo dos posts. Mais uma vez acreditei em um projeto, em um sonho, como tantos outros que já tive, e que como sempre prometiam “mudar o mundo” de acordo com os conceitos que embuti nele. Mais um sonho, como tantos outros que já tive, e que ficaram pelo caminho, sempre sem terminar. Aliás, algumas coisas nos perseguem e não conseguimos fugir delas por mais que queiramos, ou por mais que nos escondemos delas. A minha vida é um imenso mar, cheio de sonhos despedaçados. A maioria, sonhos que eu comecei a construir porque acreditava demais neles, mas na primeira dificuldade, eu desistia. E os pedaços foram ficando. Outros, porque fui forçado a escolher entre pólos opostos das minhas pretensões. Geralmente eu sonho e quero coisas que, para mim, são o céu, mas são coisas que não “se misturam”. Não combinam, e com o tempo, tenho que escolher entre o que é mais importante na minha vida. Como sempre pedi à Deus o “amor”, pois sempre foi minha carência desde a infância, é lógico e óbvio quais foram as minhas escolhas, e não me arrependo em nada delas. Mas descobri com o tempo, que eu estou sempre querendo viver uma vida que eu deveria ter tido a coragem de viver há 20 anos atrás. Os sonhos que eu busco, os ideais que eu persigo, não tem mais nada a ver com a pessoa que eu sou hoje e com as obrigações que eu tenho com a vida. E, mais uma vez, vem a escolha. Estive vivendo outro sonho, outro projeto que mudaria minha vida e de quem está comigo, mas descobri que está em conflito direto com as coisas que eu mais amo na vida, e denovo, a escolha. Desistir e deixar mais uma vez um projeto pela metade, sem saber se um dia iria dar certo. Na certa, minha vida é uma eterna dúvida. Sempre existiram os “serás” e sempre existirão, e eu nunca saberei onde os projetos chegariam se eu tivesse insistido, se não fosse obrigado a fazer escolhas tão radicais. Me sinto cansado, frustrado e decepcionado profundamente com a pessoa que me tornei; não sinto que sou digno das coisas que tenho, das conquistas que alcancei, nem tampouco das pessoas que me cercam. Sou um péssimo exemplo para que alguém siga, se até a coragem para acreditar em mim mesmo me falta. As pessoas me pedem ajuda, mas não sabem o quanto já estou mergulhado neste mar imenso de dúvidas e demônios, que eu mesmo criei para tornar minha vida mais difícil do que poderia ser. Será que existe karma? Deveria ter uma forma de explicar tudo isto, mas nem todos os anos que estudei o que as pessoas não vêem, conseguem mais me provar o que existe ou o que não existe. Desilusão talvez; desilusão comigo mesmo. Sei que mais ninguém tem culpa do que me tornei hoje. Sou fraco, e em parte inútil. Quando mais precisam de mim, eu decepciono as pessoas e nunca estou onde sou necessário, ou fazendo o que é realmente necessário. Não consigo imaginar o contrário; que todos estejam errados e apenas eu certo. Questão matemática; pelos números, eu sou o “desajustado”. Tudo neste universo tem seu local certo, e a maneira certa de se encaixar. Mas eu estou sempre no local errado, tentando ocupar um lugar que não é meu. Um círculo, nunca vai conseguir ocupar o espaço de um quadrado neste imenso ladrilhado que é o mundo, e é isto que eu sinto. Como se eu fosse um círculo, sempre teimando em ocupar o lugar de um quadrado, porque ali é mais atrativo; como não consigo, tento outro espaço, desta vez triangular. Ou seja, estou sempre fora de sintonia, e não aceito quem eu sou hoje. Preciso urgentemente aceitar as limitações que a vida me impõe, pois todos aceitam, e eu não posso ser exceção. Isto não existe. Como já me falaram uma vez, nem padaria vive de sonhos hoje em dia, e apenas alguns “burros” ficam nesta vidinha idiota de acreditar que irão mudar tudo a qualquer momento. Meu momento já foi, já passou há muitos e muitos anos atrás, numa época em que eu não vivia para mim; agora não dá mais tempo, e este preço eu vou ter que pagar pra sempre. Não posso sacrificar outras pessoas que não tem nada a ver com os meus problemas de personalidade e auto afirmação. Preciso ser algo que nunca fui. Simplesmente, normal.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Paradigma

O verdadeiro sentido da vida não está nas conquistas que alcançamos, mas sim nos meios que usamos para tal.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Paradigma

Uma das grandes frustrações de nossa vida, acontece quando a pessoa que mais amamos não acredita em nossos sonhos nem em nossa capacidade de torná-los realidade. Nos sentimos incompetentes.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Paradigma

A moda é ser autêntico. Se acham que você é esquisito, estranho, diferente..., até mesmo chato, então você está na moda. Seja autêntico, seja paralelo.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Paradigma

O que me faz diferente, é não aceitar o conceito de normalidade como base de construção moral e diretriz de evolução. Será que quem definiu a normalidade, naquele momento, estava normal? Tudo é flexível, até a "normalidade".

As mãos de um cavaleiro das sombras

Neste momento, sinto as lágrimas caírem por minhas mãos, escorrendo pelo meu rosto, rolando pelos meus braços até minhas mãos, já cheias de calos por estar a tanto tempo com este escudo e esta lança nas mãos, segurando-as com se fosse minha própria vida. Não há muito mais o que se fazer agora; já começa a amanhecer e a chuva que cai em meio a floresta molha meu rosto e se mistura às minhas lágrimas, que a cada uma que cai é como um prego fincado em meu coração. Frustração, sensação de derrota eminente, fracasso. A guarda real venceu, mas falhou. Assim como eu venci, mas falhei. Derrotamos todos os inimigos, e o que vejo agora são apenas restos das cabanas que pegaram fogo e ainda soltam um pouco de fumaça em meio a chuva, e corpos espalhados por todos os lados. Esta é a vitória; vingamos o rapto de nossa princesa. Mas a derrota pesa mais. Muito mais. Não conseguimos chegar até ela antes que a matassem, sem dó nem clemência. Apenas para nos atingir naquilo que somos mais frágeis; a guarda real nunca perde uma batalha. Continuamos assim, mas agora carregamos o fardo do fracasso naquilo que era mais importante; tua vida, minha princesa de olhos cor de mel. Do que me vale agora esta lança que ainda seguro nas mãos, e este escudo que já está no chão à minha frente, se eles só podem ferir, mas não podem te trazer de volta? Manter nossa honra fala mais alto do que tudo, mas não é fácil aceitar voltar sem o que viemos buscar. Não deixa de ser uma derrota, embora a corte entenderá os acontecimentos. Não era realmente possível salvá-la; sua condenação já era fato consumido e somente um pensamento poderia chegar até ela antes que tirassem tua vida. Meus pensamentos chegaram, mas ela não tinha como saber que eu estava lá, com minha alma. Vi seus últimos momentos, sua última agonia, e sua lealdade com seu povo antes que a degolassem. Vi tudo, de olhos fechados, num piscar de olhos enquanto meu cavalo se dirigia à aldeia. A dor assim se torna muito mais forte, e pode deixar a alma transtornada. Sinto como se um pedaço da minha alma estivesse morrido naquele campo de batalha, aos poucos, enquanto minha lança dilacerava meus inimigos. Senti meu pescoço sendo cortado enquanto o dela também era, mas foi apenas a sensação; a dor somente ela sentiu. Minha princesa, defendestes teu reino com maior fidelidade e bravura que qualquer de teus guardas, pois por nem um segundo pensastes em nos entregar aos inimigos e nos deixar à mercê da sorte. Talvez nem mesmo, nós, soldados de tua guarda, teríamos tanta coragem. Merecias estar viva muito mais do que teus guardas que restaram, incluindo eu, que lutou, mas foi derrotado pelo destino. Poderíamos ter trocado nossas vidas pela tua, mas nem isto tivemos coragem de propor; entramos já em batalha almejando tudo, quando poderíamos sair com apenas uma conquista, mas que valeria por toda dor que poderíamos passar: tua vida. Com certeza os inimigos aceitariam a vida de toda a guarda real em troca da tua, pois seria mais vantajoso para eles, mas tua guarda foi tão confiante que acreditou que nada poderia ser mais forte do que eles. Agora, aqui, sentados em valas onde os corpos estão jogados, estamos nós, os poucos que sobraram da guarda, mas que já não encontram motivos para voltar ao nosso reino. Voltaríamos porque? Perdemos o sentido de nossas vidas, perdemos o amor pela coroa e por nosso brasão. Sentimos-nos traidores da lealdade do corte, por não ter conosco a vida de nossa princesa. Sentimos-nos fracassados. As águas que correm pelo meu rosto caem como gotas de sangue que saem pelos meus ferimentos, e doem da mesma forma. Será que algum dia encontrarei a paz novamente se deixei-te escorregar por entre meus dedos porque quis ter tudo ao mesmo tempo? A glória, o reconhecimento, a vitória e tua mão. Eu não precisava de mais nada, a não ser tua mão. Agora não tenho mais nada. Somente tenho nas mãos os calos de um cavaleiro das sombras, que carrega sempre consigo uma arma e um escudo, que me protegem e ao mesmo tempo me ferem, em sinal que a luta não leva a paz, mas somente à dor.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Paradigma

O silêncio pode ser uma prisão, mas consegue ensinar mais do que qualquer escola.

A eterna noite da vida, ou da morte...

Estar à frente de batalha, em meu corcel negro, lança nas mãos, arco e flechas nas costas. Posso sentir o ar quente da respiração do meu cavalo em meus braços, quase congelados pelo frio que vem de dentro da floresta. Continuamos na espera do sinal; nosso batedor seguiu à frente para nos indicar o caminho, e nos mostrar a melhor posição para o ataque, e aqui estamos. Não estou no comando por hierarquia nem por declame do rei, mas estou no comando de coração, e não tenho medo de ser o primeiro a entrar nesta floresta com meu corcel e minha lança, escudo nos braços, porque sei melhor do que qualquer cavaleiro aqui o motivo de nosso ataque. Na verdade nosso ataque é nossa defesa; nos foi tirado o que tínhamos de mais precioso, e na condição de cavaleiro, acredito que me foi tirado a jóia mais rara não só do reino, mas de toda a terra. Nos foi tirado nossa princesa, em uma emboscada pelo campo, onde a guarda real falhou pois não estava preparada para um ataque tão maciço. Me foi tirado a inspiração que move meus pensamentos e enche meus pulmões de ar; me foi tirado a minha vontade de continuar vivo. Sei que ela nunca será minha, afinal, és nossa princesa, e eu, apenas um dos cavaleiros da guarda real, que nem mesmo posso mostrar meu rosto à ela. Estamos todo o tempo de armaduras, e com os rostos tampados por uma máscara de ferro; somos a força do reino, somos o braço forte da justiça do rei. Apenas os cavalos se mexem, em pequenos movimentos também, controlados por nós. O menor descuido nos revelaria ao inimigo, e colocaria nossa princesa em perigo eminente. O frio vai sumindo aos poucos do meu corpo, e meu corcel respira mais rápido, fica mais agitado. Parece que está pressentindo algo, e eu começo a sentir meu corpo se incendiar por dentro, e aperto a lança com mais força a cada instante. Nem dez homens tirariam a lança de minhas mãos agora. O momento deve estar chegando. As folhas de dentro da mata balançam; nenhuma tocha acesa conosco. Somos a escuridão agora, personificada em nossos pensamentos e em nossos atos, que irão se completar em instantes, assim que invadirmos o povoado, incendiarmos as casas, matarmos os guardas e retomarmos nossa princesa de dentro da cela dos rebeldes. Começa a ventar, e o frio volta novamente, mas só arde minha pele pois minha alma está em chamas; estou a um passo de ter a chance de ser o herói que tirará nossa princesa de lá, e talvez assim ela permita que eu retire minha máscara perante a corte. Não existe nem existirá nada tão importante quanto isto; um cavaleiro ser reconhecido pela corte. E talvez assim, ela, minha eterna dama dos meus sonhos me veja com sua alma, e não apenas com seus olhos. Minha vida é pouco para oferecer-te em troca de um minuto olhando tua face, linda e esplendorosa, com teu sorriso lindo que me encanta e me sufoca, me mata e me dá vida ao mesmo tempo. Só se passaram alguns minutos, mas parece que já estamos parados aqui há dias; este silêncio estranho da noite me encanta, mas revela meus medos também. Estou vendo toda minha vida se passando em minha frente agora. Pode ser que eu morra hoje, sem ao menos conseguirmos atingir nosso objetivo, e não posso descartar esta possibilidade. Sei que vários de nós ficarão hoje aqui, no campo do inimigo, com uma lança fincada no peito, mas com o orgulho de ter lutado pelo que acredita. E quanto a mim; vale a pena colocar numa balança de contra-peso a minha vida por um sonho que talvez nunca aconteça? Talvez esse futuro seja apenas um esboço de um passado que nunca existiu, pois já estive tantas vezes em tua frente, mas não podia nem sequer erguer o braço para tirar a máscara de ferro. Seria desonra. O vento pára novamente, e sentimos um calor estranho na mata. O batedor voltou, com uma tocha acesa, fazendo movimentos em círculo. É o sinal; é o momento de invadirmos. A trotes largos saímos, com uma lança em uma mão e a alma na outra. Estamos indo, princesa, temos várias vidas para trocarmos pela tua.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nada mudou.

As estrelas aos poucos vão se apagando, uma a uma, e uma luz muito maior começa a surgir no horizonte. O frio e a solidão da noite vão dando lugar ao frio e a solidão dos dias. Quando vi o sol surgindo hoje, vi também teus olhos, no alto dos céus, junto ao brilho maior que se impunha sobre as terras. Sobrou-me as lembranças, as frases que dissestes e escrevestes, a imaginação, que sempre foi o que mais me moveu. Lembranças de um passado que nunca existiu. Pequenos fragmentos de uma realidade fugidia que eu insisti em dar vida, para que meus dias tivessem sentido. Sei muito bem o que encontrei em ti, mas tu não entendestes o real significado disto, porque não era o momento para isto. Hoje, quando te procuro, te encontro nas pedras espalhadas pelo chão, te vejo refletida pelas águas que correm pelos cantos da estrada, vejo teu rosto desenhado pelo brilho do sol, e sinto tua mão tocando minha alma a todo momento. Eu deixei uma porta aberta quando te encontrei, e ela não mais irá fechar, pois eu joguei fora a minha chave. Só tu poderás fechá-la, um dia talvez, quando o destino assim o quiser e achar conveniente, e achar que sou digno de receber o presente mais lindo do mundo... um beijo teu. Mais lembranças de um passado que nunca existiu. Gosto de sonhar, mas na maioria das vezes esqueço a hora de acordar, pois tem vida lá fora, existem fronteiras para serem rompidas e buscas para serem terminadas. E não será através de sonhos que conseguirei isto. Não foi um sonho ter te encontrado; foi real. Isto é algo que eu não sei direito explicar, porque não sei falar sobre realidade. A minha tangente entre o real e o surreal é muito flexível, e eu nunca sei onde estou. Sempre prefiro acreditar no que me é mais conveniente, e acho que por isso eu sofro tanto. Porque não acredito na realidade, mas sim nos sonhos. Mas foi assim que tua lembrança me deixou; do mesmo jeito que me encontrou. Sem espada, sem escudo, e com os olhos fechados para o “real”. Tu entrastes em minha vida como uma rajada de vento que bate a porta quando passa, juntou em um canto todo sentimento e toda emoção que eu tinha, me fez acreditar que poderia ser especial para alguém, mas, da mesma forma que entrou, saiu batendo a porta novamente, deixando pra trás os restos destorcidos dos sentimentos que ainda sobraram. Onde havia escuridão, hoje são trevas eternas, e eu, que estava acostumado a viver “escondido”, hoje nem preciso me esforçar para isto. Nem sequer sou notado. Não tenho muito o que mostrar, não tenho muito o que dizer para as pessoas, e mesmo sem ter a mínima idéia de que está acontecendo, você é rotulado de anti social. Teu nome continua sendo um eterno poema em meu coração, poema que eu repito sem parar todos os instantes da minha vida, poema que voa com os ventos a cada respiração minha, poema que intriga e esclarece, dói e cura, ouve e faz calar, prende mas absolve, ataca em sua defesa. Teu nome está em cada grão de areia que vejo pelo chão, como forma de me lembrar que estás e sempre estarás em tudo do que eu me aproximar; meu amor por ti é forte e imponente, e ele não se digna a abaixar a cabeça pelo simples fato de que abandonastes minha vida, afinal, nada mudou.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Reflexão

Jurei pra mim mesmo que nunca iria postar algo que não fosse eu o escritor. Mas hoje, apesar de ter cantado esta música inúmeras vezes, confesso que nunca tinha lido a letra, com um texto. E descobri que é um enigma. Te peço que, pelo menos por uma vez, leia devagar cada estrofe, e tente entender o que esse gênio que compôs estava querendo dizer. Se você entender, irá me entender também. A minha vida é assim... Todos os créditos ao gênio Renato Russo. Indios Quem me dera ao menos uma vez Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem Conseguiu me convencer que era prova de amizade Se alguém levasse embora até o que eu não tinha. Quem me dera ao menos uma vez Esquecer que acreditei que era por brincadeira Que se cortava sempre um pano-de-chão De linho nobre e pura seda. Quem me dera ao menos uma vez Explicar o que ninguém consegue entender Que o que aconteceu ainda está por vir E o futuro não é mais como era antigamente. Quem me dera ao menos uma vez Provar que quem tem mais do que precisa ter Quase sempre se convence que não tem o bastante Fala demais por não ter nada a dizer. Quem me dera ao menos uma vez Que o mais simples fosse visto Como o mais importante Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente. Quem me dera ao menos uma vez Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três E esse mesmo Deus foi morto por vocês Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste. Eu quis o perigo e até sangrei sozinho Entenda Assim pude trazer você de volta pra mim Quando descobri que é sempre só você Que me entende do iní­cio ao fim. E é só você que tem a cura pro meu vício De insistir nessa saudade que eu sinto De tudo que eu ainda não vi. Quem me dera ao menos uma vez Acreditar por um instante em tudo que existe E acreditar que o mundo é perfeito E que todas as pessoas são felizes. Quem me dera ao menos uma vez Fazer com que o mundo saiba que seu nome Está em tudo e mesmo assim Ninguém lhe diz ao menos, obrigado. Quem me dera ao menos uma vez Como a mais bela tribo Dos mais belos índios Não ser atacado por ser inocente. Eu quis o perigo e até sangrei sozinho Entenda Assim pude trazer você de volta pra mim Quando descobri que é sempre só você Que me entende do início ao fim. E é só você que tem a cura pro meu vício De insistir nessa saudade que eu sinto De tudo que eu ainda não vi. Nos deram espelhos e vimos um mundo doente Tentei chorar e não consegui.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Desencanto

A cada passo que dou, sinto que o ar parece estar mais quente. Muita fumaça, poeira e o sol que ofusca meus olhos; mas tua figura não sai da minha mente, e é uma projeção constante em meu caminho, que me traz a todo instante a doce lembrança de teus olhos, vistos bem de perto, mas ao mesmo tempo toda a tristeza de saber que não mais os verei. O que seria afinal a condenação? Talvez eu já esteja no inferno, e apenas não queira aceitar isto. Talvez muita gente já esteja também, mas é bem mais cômodo acreditar que o julgamento ainda virá, e o sofrimento irá passar depois disto. Mas o que te faz acreditar nisto? Você leu em algum lugar, e acredito. Só isso??? Será que conseguimos provar realmente uma só coisa que queremos, se a outra pessoa não quiser acreditar? Sinceramente, acredito que nada se pode provar, até que se aceite o argumento como verdade, mesmo sem provas. É mais uma questão de querer, do que provar. Depois de tanto tempo querendo saber tudo, fingindo ter o controle de tudo e passando a idéia de que posso tudo, a cada dia que passa acredito mais que não sei nada, não consigo provar nada, porque até hoje também não tive provas de nada. Eu apenas aceitei acreditar nas coisas. Ainda sofro muito com tua distância, mas confesso que não sei mais o porque. Não sei mais onde está a distinção entre o verdadeiro e o falso, entre aquilo que se eterniza e aquilo que atormenta, entre o amor e a admiração, entre o perfeito e o exato. Apenas sei que preciso de ti, pois minha vida acaba a todo momento que me lembro que não alcanço tua mão. Mas não sei mais dizer o que é isto. Apenas é. Muita coisa continua como sempre foi; ainda escuto as lamentações pelos becos escuros do meu subconsciente, ainda enxergo aquele gato preto de olhos fechados dentro de uma sala sem portas nem janelas ( pelo menos sei que ele está lá ), ainda dói quando respiro o ar que não passou pelos teus cabelos. Mas, e a verdade? Onde está aquilo que deveria ser a verdade sobre tudo isso? Será que é possível se provar uma verdade? Uma vez ouvi que, uma mentira bem contada, depois de muito tempo se torna uma verdade impossível de ser desmentida. E eu acredito nisto, realmente. Existe muita coisa no mundo que pode ser isto simplesmente. Nem sequer sabemos de verdade no que acreditamos. Nem sei realmente se entendo o que é esse tão falado “amor”. Muitas vezes o que sinto tem tudo a ver com ele, mas em outras horas mais se parece com insanidade... Dependência talvez, como uma droga que me fez escravo para o resto de meus dias. Onde eu posso conseguir chegar com isso, afinal ? Talvez a melhor opção, seja ser eu mesmo o gato preto de olhos fechados, trancado numa sala sem portas nem janelas. Algumas pessoas apenas saberiam que eu estava lá, mas não teriam nunca como provar. Será que você, por algum instante, já parou pra pensar em quantas e quantas vezes você passa seu tempo como se não fosse você mesmo? Agindo apenas por impulso, por obrigação, pelo conceito do que é certo ou errado... E quem criou o conceito, estava certo ou errado? Meus textos tem muitas interrogações, e acho que isto é o mais próximo que se pode chegar do entendimento do que ou quem eu sou. Enigma, para mim mesmo. Estou cansado de não entender as coisas, de ser aquilo que me condicionam a ser, de ter parâmetros que eu nunca ajudei a construir. Eu não tenho que ser assim... Ninguém tem que ser assim. Até quando terei que ficar aqui, só olhando enquanto o tempo passa, e leva consigo tudo aquilo que consegui juntar ?... Afinal, pra que se preocupar com o tempo... Alguém pode me provar que ele existe? Talvez seja apenas um conceito.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Paradigma

Você pode usar qualquer moeda para pagar suas dívidas, mas deve estar pronto para receber o troco nas mesmas.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Teorias, apenas teorias...

Hoje a perfeição ou as imperfeições deste mundo não me incomodam mais. Não sou daqui, só estou de passagem, mas não sei quanto tempo isto vai durar. Mas aqui assumi minha mais sincera e profunda forma, em todos os seus vértices e contornos. Aqui, sou o seu medo mais agudo. Sou aquilo que te apavora, sou a notícia que anda mais rápido do que o pensamento ( as más ). Caminho por entre as trevas que ninguém quer explorar, piso nas pedras quentes dos vulcões que afugentam todas as pessoas; me deformo para não ser taxado de “normal”. Sou a sombra que segue teus passos, que te acompanha pela noite, e que muitas vezes você percebe, mas faz de conta que não sente, porque tem medo. Você sabe que eu estou ali, te olhando, esperando a hora certa, e você sempre se desvia de mim como se isso fosse resolver tudo... sempre... No céu só há uma chuva de meteoros que vão cobrindo a terra com seus buracos que não tem fundo, e aos poucos tudo vai se deteriorando. Vejo os sentimentos se enfraquecendo e as pessoas perdendo a esperança, que diziam que era a última que morre. Então estão todos morrendo, porque não vejo mais a esperança nos olhos das pessoas; acredito realmente que chegou o momento do começo da provação. Meu mundo se tornou uma enorme nuvem escura e fria, onde o sol me persegue, mas não consegue entrar; o isolamento, a incompreensão, a não tolerância; tudo isso me forjou assim, e me tornou isso que eu sou hoje. A cada dia que passa me sinto mais duro, frio, digamos... matemático. O que importa são os resultados, e não os meios. Sou aquela alma impura que te perturba durante teu sono; sou o uivo dos cachorros durante a noite de lua cheia, sem explicação; sou a matéria quântica que ninguém entende; sou o “x” de uma equação onde não existe constante. Não é possível me determinar, me descobrir, me achar, me explicar, ou mesmo me entender. Me tornei aquele gato preto preso dentro de um quarto escuro, com os olhos fechados. Me encontrem, se puderem... Impossível. Pelos cantos andei, pelos cantos sempre vou andar; pelas sombras estive, nas sombras permanecerei; escolhi caminhos frios e duros, e neles não há espaço para sentimentalismo nem compaixão. Aqui, viver ou estar morto não tem diferença, porque vivemos de alma, e não de corpos; assim, se não temos mais nada a perder, o jogo não tem regras. Na verdade, só existe uma regra: jogue. Se não jogar, você se auto condena a descer mais; acho que ninguém quer isto. Uma vez me disseram que só quem já esteve no inferno pode dizer se ele é realmente pior do que aqui, assim como só quem já esteve no céu pode dizer se ele é realmente melhor do que aqui; será que tem lógica??? Não é contraditório, pois não existe nada provado, e não vai haver por muito tempo ainda. É difícil viver nesta fase de transição entre as gerações; a que passou construiu, e a que está chegando vai defender as construções. Eu, sou um dos que vai treinar esta defesa, mas, contra quem? Contra o destino? Será que vale a pena sacrificar tanta coisa pra lutar contra o destino? Será que é possível mudá-lo, como eu sempre digo que é? Teorias... Felizes dos que se vão pra sempre, pra nunca mais voltar. Isto aqui está se transformando, e será o palco da apresentação final deste capítulo, onde se travará a batalha pela justiça que parece nunca ter existido. Isto me lembra “O livro de Eli”; quem assistiu vai entender. Estou cansado deste caminho que só me bate, me escalda e me esfola, e mesmo assim eu não aprendo. Nunca. Será que algum dia vou sair da teoria para a prática, ou vou ficar eternamente aqui “treinando” alguém? Teorias, apenas teorias.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Paradigma

A vida tem sido um eterno jogo de "amarelinha", onde todas as casas estão repletas de giletes com o corte para cima. Não importa onde eu pise, ou como eu pule; todos os dias saio machucado.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Paradigma

O mundo, ou as pessoas, conseguem destruir nossa vida todos os dias em apenas um segundo. Mas nós somos capazes de reconstrui-la novamente, todos os dias, mesmo que seja no alicerce de um sonho que não se realizou.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Paradigma

Não existe uma definição que seja sempre correta para o que é trevas e o que é a luz. Depende do âmbito circunstancial no qual é analisado. O que é luz na tua vida, pode ser as trevas da minha.

A vida regida por um relógio

A vida parece que passa mais lentamente agora; enquanto havia uma expectativa maior de que eu conseguisse conquistar teus sentimentos, meu coração sempre estava acelerado, mas agora, ele segue ritmo lento e compassado, como um relógio de parede, com os ponteiros tortos. Não dá pra saber ao certo a quanto tempo estou aqui, nem que horas são agora, nem mesmo quantos dias estou assim. Já perdi completamente a noção de tempo e espaço.
Queria eu ter a calma, a paciência e a sabedoria acumulada pelos anos quando eu tinha uns 10 anos a menos... eu saberia mudar muita coisa na minha vida. Coisas que estão atreladas hoje a laços tão apertados que é difícil até encontrar as pontas desta corda.
É incrível como nós nos apegamos ao conceito de tempo, tipo “mas já ? “, ou tipo “ainda não ? “. Estamos sempre nos condicionando ao tempo. Até onde o tempo pode nos levar???
A única coisa que o tempo consegue fazer é provar com convicção todas as hipóteses da vida, mas isto, assim como tudo mais na vida, leva “tempo”... Então, porque nos preocupamos tanto com o fato do tempo estar passando muito rápido, ou muito devagar? Claro, visto de nossa perspectiva.
Passei tanto tempo preocupado com “quando será que vai chegar o momento em que você irá partir “, que não vivi sua presença, não me entreguei de alma ao sentimento mais lindo e profundo que senti, e sinto. O problema de conhecer as linhas do destino é este; você está sempre preocupado com “quando” algo vai acontecer. E isto consome tanto tempo de nossas vidas, que esquecemos que o único instante em que se é possível viver é o presente. O passado, já foi. Não tem como consertar. O futuro, ainda não chegou; precisa ser construído ainda. Porque você insiste em viver em época errada???
Tu sabes que isto não te levará a nada, mas mesmo assim insistes em vedar os olhos para o que te cerca, e só vês o que te és importante por conjectura. As relações amadurecem, mas o problema é que muitas vezes nos acomodamos com isso, pois é bom estar estável. Mas, estamos felizes ?
A felicidade é uma eterna roda, que gira sem parar, e você vai pegando os pedaços dela à medida que ela passa por você. Mas se estás desatento neste momento olhando teu passado ou teu futuro, ela passa sem que notes, e perdes assim pedaços muito importantes de tua felicidade. Uma vez perdido, não se encontra mais.
A vida me ensinou nos últimos tempos a ficar calado; quieto, nós fazemos menos estragos, e também aprendi a não chegar tão perto da realidade de ninguém, pois sempre que isto acontece, vem junto o peso do karma da utilização de um dom em momento errado e para fim errado.
Aprendi com meus erros; por isso digo que sou um dicionário daquilo que não se deve fazer. Faças exatamente o contrário de mim, que estarás fazendo o certo. Eu não sei lidar com o poder que alcancei, e isto me leva à tortura todos os dias da minha vida. Vejo que não sou digno daquilo que tenho, dos presentes que meu Mestre me deu, mas mesmo assim não sei porque recebi tanto se fiz tão pouco. Nossa mentalidade é muito limitada para entender certas coisas que estão além da nossa existência.
Sofro pela distância que nos separa hoje, minha dama dos olhos cor de mel, inspiração eterna da minha vida e da minha morte, e da minha transição entre elas. Mas sofro com dignidade, pois ao menos não destruí tua vida, como tinha receio que acontecesse. Não gostaria que esquecesses de mim, mas a distância tudo dificulta. Pela distância, até as palavras de distorcem, e acabam chegando com menos intensidade que a usada no momento da escrita.
Amar é um verbo que se conjuga apenas no presente, porque se ele está no passado, não foi verdadeiro e eterno, e se está no futuro, não deve ser conjugado pois o futuro não nos pertence. Ou tu amas, ou não amas, apenas isto.
Eu amo, a minha única dama, dona dos labirintos escuros que escondem meus infernos e minha psique. Somente ela tem a chave, somente ela pode abrir.
Quando?
Não sei; depende muito de como está o relógio dela hoje. O meu está com os ponteiros tortos, estou sem diretriz e sem balizamento; espero que o dela ao menos esteja trabalhando no compasso correto, pois isto garantiria um reencontro num futuro.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sombras de um passado que não existiu

A calmaria e a mansidão dominam neste momento minha alma. Já estou há tanto tempo nas sombras, que não existem mais segredos nela que eu não conheça; aqui me sinto em casa, minha casa, meu abrigo, minha morada.
A adaga que foi fincada em meu peito já não dói mais tanto como antes; apenas me incomoda o fato dela estar lá; não tem como esquecer um pedaço de mim, da minha vida. Por isso, sigo caminhando, eu e a minha tristeza. Ela é minha companheira, doce e amarga tristeza, que está em cada passo que dou e em cada decisão que tomo, fazendo da minha vida um mar de encantamentos negros, onde os milagres acontecem enquanto todos dormem, para que ninguém os veja e nem me vejam.
Sou uma sombra no escuro vazio da noite; vago sem rota e alheio a tudo o que me cerca, senso de direção nenhum. Hoje o infinito realmente me parece não ter fim, pois onde não há probabilidades, não há fim, apenas começo, e assim começo um destino que me castiga e me pune, e que não traz em si horizonte nenhum. Por mais que eu me esforce para ver algo ao longe, só vejo escuridão e neblina, fumaça negra que se espalha pelos rios que cortam os pântanos onde plantei minhas idéias e lancei âncora, acreditando que poderia mudar aquilo que não existia. Se algo ainda não existe, porque então eu não poderia mudar?
Tentei, mas minha mente é tão escura que não vi o óbvio. O mundo é tão diferente da força que corre em minhas veias que não existem meios para que eu prove algo para ninguém; seria necessário ter fé. Mas, como ter fé em algo que sempre parece tão absurdo e inaceitável para quem encontrou um parâmetro dentro da sociedade que lhe coube por completo?
A visão, o conceito e os padrões que já se estabeleceram na sociedade, já foram aceitos e não é apenas uma sombra que vai conseguir mudar alguma coisa; sigo apenas um filosofia diferente, mas que está fora do contexto atual, e que as pessoas taxam de “anormal”. A questão é, e se eu estiver certo? Quem e quantos então serão os “anormais”?
Mas, não vale a pena perder tempo com questionamentos; eu tive a felicidade por tempo suficiente para que eu nunca mais a esqueça, e isto já é luz suficiente para clarear qualquer escuridão. Enquanto as lembranças não morrerem, a luz não se apaga. Não sei se algum dia vou conseguir esquecer. É mais forte do que eu.
Siga-me, solidão implacável, tristeza amargurada pelo tempo, curtida pelo envelhecimento que sofres junto comigo; ao contrário dos vinhos, quanto mais tempo passa, mais amarga ficas, e desta tristeza me embriago todos os dias, dormindo ao acordado, enquanto te espero numa única súplica que te dirijo, pois perdi tua confiança de tanto pedir-te desculpas pelos meus erros.
Minha bagagem, tantos sorrisos teus e tantas palavras que ouvi de tua boca, que dentro do mais sombrio desfiladeiro da minha alma trago a tua luz, que por menor que possa parecer, ilumina qualquer lugar que vejo. Sombras das manhãs, sombras das tardes, sombras das noites, sombras da madrugada; decifra-me ou serei teu senhor para sempre, pois já decifrei-te há tempos, e agora és tu que se escondes de mim para não me olhar nos olhos, pois verias teu reflexo sem nenhum segredo.
Nas sombras do destino nasci, pelos corredores escuros fui criado, alienado da sociedade por não me ajustar a ela, no escuro me formei, sem que ninguém me notasse, e hoje na obscuridade trabalho, caminho e vivo, fazendo da minha experiência neste lado sombrio o exemplo daquilo que não deve ser feito, pois conheço as decisões erradas.
A vida é fria e desconfortável, quando é isto que você escolhe para ela; mas o magnetismo que esta situação tem me atrai, me faz pensar de forma mais clara, por incrível que pareça, e andar por estes campos de almas perdidas não me tira a concentração.
Hoje eu tenho uma armadura mais forte, pois eu descobri o que é amar de verdade, única e verdadeiramente, e se esse amor me mantém na escuridão, é porque é para que eu fique aqui, por mais tempo. Por isto não ouso tirar a adaga de meu peito; és a prova concreta de que fui marcado por ti.

Paradigma

Às vezes, para sermos felizes, temos que fechar os olhos para muitas coisas, pois aquilo que se vê nada é comparado àquilo que se sente.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Paradigma

Muitas vezes, pensar já é um ato de coragem. Falar então, é um ato de loucura. Quem disse que o silêncio não contrói???

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Paradigma

Tuas palavras são reflexos da tua vida. Falas em tristeza porque és uma pessoa triste; falas em escuridão pois tua alma tem sombras.

Um primeiro passo no vazio

Saí a te procurar hoje, como de costume, mas tu não estavas mais lá. Por alguns instantes, fiquei a contemplar teu posto de comando, como se ainda residistes ali, mas na verdade não havia mais nenhum indício de que havia deixado algo para trás.
Sei que não poderia estar muito longe, pois faz muito pouco tempo que te vi pela última vez; então comecei a procurar-te por todos os lugares onde costumas ficar.
Busca em vão; por mais que eu me esforçasse e fosse incessante, nada consegui encontrar de teus rastros. Olhei por todos os cantos, inclusive por sob os raios de sol, mesmo me expondo à dor do sol em minha pele, mas não a vi em lugar algum.
Fiquei apreensivo por um bom tempo... Será que abandonastes realmente tuas terras e tuas conquistas aqui, como eu havia te pedido? Ao mesmo tempo, sinto uma sensação de alívio, por dever cumprido, mas sinto um vazio que me devora, pois agora não me resta mais nada nem ninguém que me ligue à este lugar.
Não tenho mais teus olhos para ver, não tenho mais a doçura das tuas palavras em meus ouvidos, nunca mais verei teu sorriso lindo e resplandecente, e o calor que sentia toda vez que estava perto de ti ? Onde estás, dama da minha vida, eterna inspiração de olhos cor de mel ? Me abandonastes mesmo, como eu já havia previsto?
Algumas coisas nunca mudam na nossa vida; nasci confinado no silêncio, e por mais que eu tenha lutado e ainda esteja tentando falar, não consigo, e acho que não será nesta vida ainda que conseguirei ser ouvido. Alguns nascem para ser úteis, outros nascem para usar essa utilidade. Que cada um cumpra sua parte na construção deste futuro.
Tudo volta a ser instável, incoerente, e racional demais. A maior loucura do mundo, é usar a racionalidade acima dos sentimentos; a racionalidade se baseia em coisas que já aconteceram, já foram comprovadas cientificamente, e todos usam isso para o balizamento de suas vidas, do que é certo ou errado, do que se deve ou não fazer. Mas, e quanto à tudo o que não se descobriu ainda à respeito da nossa existência, onde fica isso???
Estamos condenados a continuar nossa marcha errante e lenta, com um passo pra frente e dois para trás, pois toda vez que encontramos um obstáculo, ou algo novo, queremos explicá-lo racionalmente. Mas, e se não temos uma explicação?
Então desconsideramos, mudamos nossa rota, e desviamos daquilo que estava em nosso caminho. É bem mais fácil conviver com aquilo que sabemos explicar, do que nos lançarmos naquilo que ninguém ainda conseguiu explicar e viver isto com toda intensidade de nossas almas.
Até hoje me lembro de algumas coisas que aprendi em Psicologia. Freud dizia que o ser humano vive em função de três funções básicas: sobreviver, procriar e formar comunidade. Acho incrível, como até hoje, tanta gente leve isto ao pé da letra. Na minha opinião, Freud não estava errado, ao contrário, estava muito certo. Mas esta teoria abre tantas possibilidades, que realmente ela se comprova. Mas nós mesmos nos limitamos ao primeiro degrau de cada instinto, e vivemos apenas aquilo, e não abrimos o leque de alternativas contidas nesta teoria.
O que devemos, em forma simplificada, é viver de forma conseqüente.
Viver conseqüentemente não significa buscar e céu e evitar o inferno a todo instante de nossas vidas, mas sim, fazemos de cada ato nosso o céu para os outros, e nada mais.
Será que estamos prontos para isto?
Tenho feito muito disto ultimamente, mas a dor que isto me causa não há como explicar. É uma ferida aberta que queima todo o tempo, que arde a alma como um braseiro. Se vale a pena?
Olhe para o sorriso lindo de uma dama dos olhos cor de mel; olhe para o sorriso sincero de um menino que abre seus braços quando me aproximo. O prêmio está aí; ver quem você ama feliz, é o maior prêmio e a maior recompensa de um esforço que não nos beneficia de forma direta. Fazemos sem nos importarmos conosco.
Sofro pela falta do teu sorriso, que já não vejo mais, mas sei que ele ainda continua existindo, e esta certeza é agora a minha felicidade.
Este é apenas um primeiro passo neste enorme vazio que se formou a minha frente, onde não vejo mais nada para ter como objetivo. Apenas ouço o silêncio.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Paradigma

Quando você se cala perante uma situação, você está sendo conivente com a pior possibilidade. Em qualquer questão que gere dúvidas, o silêncio sempre conta para o lado negativo. Se você tem algo em mente, fale e defenda sua opinião. O mundo já tem muito podre para que nós fiquemos calados perante tudo.

Que se fechem as cortinas

O show acabou; as cortinas se fecharam e o espetáculo da vida movida por um amor, se encerrou. Pelo menos é a imagem que vai ficar; como toda peça que termina, se há um final triste, será para sempre.
Não houve aplausos, nem palmas, nem gritos. Apenas silêncio. Absoluto e total silêncio na platéia.
Talvez não fosse este o final que estavam esperando, na verdade, nem eu mesmo estava esperando que fosse assim, mas como todo bom espetáculo, os capítulos não são revelados antes da filmagem, para que nada escape do roteiro escrito pelo destino.
O destino escreve sua peças com uma caneta muito pesada, que marca as páginas de nossas vidas, e não tem como apagar para tentar reescrever; sempre ficarão marcas do que já foi escrito, e feito.
É difícil entender, e explicar também, mas o abismo que se formou à minha frente é muito maior do que eu esperava; não tem como fazer de conta que ele não existe e pular por cima, e eu ainda não aprendi a caminhar pelas nuvens.
O mundo segue seu ritmo, sem paradas nem inércia, para que possamos pensar em tudo o que aconteceu e em tudo que fizemos. Se ficamos parados, o futuro nos esmaga e ficamos largados pelo chão, se corremos em seu próprio ritmo, acabamos por tomar decisões erradas e em fluxo descontínuo até o ponto em que perdemos totalmente o controle daquilo que somos ou fazemos.
Uma parte de mim está sendo retirada, e é claro que isto é doloroso e não vai ser fácil superar e aceitar que não terei algo que nunca tive.
Meus instintos aceitam a realidade, mas minha alma não. É uma situação tão retrógrada que acaba gerando sua própria fermentação pela estática em que se encontra, e como tudo fermentado, se não for feito um desfecho em tempo certo, se perde todo o conteúdo. E o tempo chegou, e tu farás uso daquilo que há anos está elaborando dentro de ti.
Mesmo sabendo que, por um tempo ao menos, tu ainda irás se lembrar de mim, sei que no futuro serei apenas uma lembrança chata que vez ou outra passará pela sua mente, como um sussurro “que maluco aquele cara... nada a ver “. Mas eu não sairei daqui; aqui as minhas palavras dominam, e aqui elas tem liberdade para se expressar, e aqui permanecerei por todo o sempre. Ou enquanto não me jogarem para fora.
Nem tudo depende de mim... ainda bem, senão, com minha enorme imperfeição imagine só como seriam as coisas... Ridículo.
Acredito na reação da platéia, acredito no silêncio que domina agora o palco, onde ando de um lado para o outro enquanto todos vão embora, inclusive você, protagonista principal desta peça. Todos tem para onde ir agora, mas eu não, pois neste palco construí esta peça, coloquei nela toda minha vida e toda minha inspiração, e, sem você, não existe mais o que apresentar. O diretor me cobra o porque deste desfecho, o porque da reação da platéia ( ou melhor, da não reação ), e principalmente, como consegui perder a estrela da peça. E minha resposta é a mesma para as três perguntas: não sei.
Perdi a essência da apresentação na metade do percurso, e acabei gerando novas linhas no roteiro e a peça mudou de sentido, de direção, e o final se antecipou e surpreendeu o diretor, que agora me cobra o que eu fiz, ou deixei de fazer. É difícil admitir, mas sei que o erro foi somente meu; quando era para acreditar, fui incrédulo, e quando tudo foi brincadeira, acreditei como se minha vida dependesse disto.
O resultado, foi que hoje estamos no fim, no último degrau da escada descendente, e abaixo disto só existe o que há debaixo do palco; nada. Apenas a estrutura de algo que não conseguiu se materializar. Ou seja, a estrutura é ruim. É aqui que vou ficar trabalhando pelos próximos tantos anos, que não sei quantos, preparando novamente a estrutura, para que, quando chegar a hora em que novamente será apresentada aqui a peça da minha vida, eu realmente esteja pronto para seguir o roteiro, sem interferir.
De ti, dama da minha vida, minha eterna inspiração dos olhos cor de mel, me despeço com o coração partido, e as mãos lavadas em lágrimas, que já não sei a quanto tempo estão aí. Sei que um dia voltarás, e até lá, me alimentarei dos sonhos que tive, e que nunca existiram.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Paradigma

Destrua teus objetivos, e nada mais te restarás na vida.

As últimas vozes

O som da incapacidade; meus ensaios de antigamente. Dentro do palco, eu apresento o fim.
A mim mesmo dedico estas palavras, pois eu acho que tudo acabará amanhã.
E minha alma está impaciente; para se preparar para este ato final, ela treme.
As vozes que vem de dentro dos tubos, minhas reflexões do futuro, as últimas vozes.
Os ecos das atitudes que não tomei e o medo da realidade que não vivi percorrem minha mente, o tempo todo, todo o tempo, e fico assim, aficcionado na mesma idéia de concepção.
Vejo guerras que começam, vejo mortes que se lançam sobre tantas pessoas, vejo a dor de tantas almas perdidas nos corredores sem fim das lamentações. Vejo demais, e este agora é o problema. Não sei se quero mais isto para mim.
Mas não tenho mais escolha.
Rastros encontrados na floresta; tentando buscar uma última esperança que resta. Fugir, escapar de quem a persegue, pois ele é impiedoso e cruel, e não terá clemência diante de ninguém. Erga teu rosto, trace sua direção, e siga, enquanto os rios ainda não invadiram suas terras, que em breve não serão mais tuas, pois as águas tudo levarão, deixando apenas as lembranças do que um dia não aconteceu.
Não segures em tua mão mais do que aquilo que realmente precisas; não leves contigo bagagem que se tornam apenas peso, pois não terão real utilidade. A vida e a morte são para serem vividas em sua totalidade e apenas com aquilo que precisamos, nada mais além disto. Levar consigo coisas que não nos fazem felizes, nos manterão presos à algo que nunca existiu, a não ser na mente insana de alguém inconseqüente e que sente prazer em viver em seu próprio inferno astral. Inferno este, que ele alimenta com as madeiras de sua vida, com a própria experiência que ele adquire dia após dia, como se isto fosse levar a algum lugar.
A provação está perto do fim, e sinto o vento gelado da distância e principalmente do silêncio se aproximando a passos largos, e aqui se instalará permanentemente, criando uma atmosfera fria, mas realista. Ao menos assim poderei viver sem sonhar, afinal, do que me serviram os sonhos até hoje ?
Quando tive oportunidades, deixei meus sonhos pela metade; quando raramente eles se completavam, tive medo de vivê-los. Não mereço outra realidade a não ser esta paralela que criei, e vivo nela, pois para um desajustado existe uma realidade desajustada também.
Sinto o vento da impunidade me empurrando, como se eu não tivesse culpa; mas todo predador tem culpa, assim como toda presa também. Do mesmo modo toda presa é um predador e todo predador é uma presa, então, onde há um deles, há culpa. Só a impunidade resta, pois é a forma que a vida encontrou para justificar tudo.
Não tenho nada para justificar para ninguém, pois coloquei toda minha vida em tuas mãos, na hora errada e no local errado. Existem coisas que só acontecem uma vez na vida; talvez agora, só na morte.
O tubo entre a vida e a morte é um dualismo; se você atravessa, tem um mundo. Se você fica, tem outro. Mas se você ficar no meio, vê os dois, mas não toca em nenhum. É um privilégio ver o que ninguém mais vê, mas também é um castigo não poder tocar em teus cabelos nunca.
Palavras que se perdem, pensamentos vazios de significado, transição entre o real e o ilusório ( ou o contrário ). As idéias mudam, mas as maquetes não. Você coloca suas coisas para viverem de outro modo, mas não percebe que a maquete é a mesma; só mudaram as referências. De qualquer forma, você continuará batendo o tempo todo contra os mesmos pilares e as mesmas paredes, e não vai perceber isto.
Isto deveria esclarecer a direção, mas percebo que no fim do caminho não existe resposta, apenas outra pergunta. O caminho não tem um fim, mas apenas fases para percorrer; nunca ocorrerá o estático completo, nem mesmo se existisse um “fim”.
Algumas passagens são simples, fáceis, outras são difíceis, dolorosas, mas todas são passíveis de percorrer e levam ao mesmo lugar: outra pergunta, e outro caminho.
Movimento sem volta, sem parada, sem nada que te prenda a qualquer coisa. Qualquer ligação que você faça, será desfeita pelo caminho; pode não ser hoje, mas pode ser amanhã, depois de amanhã, no próximo ano, mas um dia chegará o momento.
Minha mente roda, as vertigens aumentam, e as vozes aos poucos vão sumindo, caindo num poço sem fundo de onde nem os ecos saem.
Talvez haja algo depois que elas passarem; talvez não. Talvez seja apenas a chegada do silêncio novamente. Meu velho amigo, o silêncio.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Paradigma

O que chamamos de "céu " e " inferno " é separado por uma linha tão fina, que muitos demônios voam em nosso céu, assim como muitos anjos andam por nossos infernos.

Depois do ponto final, uma linha em branco

Hoje o dia amanheceu frio o chuvoso; estaria perfeito para mim, se a cada vez que eu olhasse pela janela não fosse remetido à uma lembrança que agora apenas chora, na forma destas gotas que caem do céu, pois hoje meu céu se partiu ao meio. Metade dos meus sonhos foram embora, e a outra metade não tem mais sentido.
Achei que esta sensação fosse passar do dia para a noite, como dizem, mas é muito mais forte do que eu; apenas sinto isto aumentar em grandiosidade dentro de mim. Não é preciso ser sábio para saber quando uma coisa vai dar certo ou não; muitas vezes é apenas uma questão de lógica, mas para quando não queremos acreditar na lógica, podemos usar meios mais “estreitos” para isto. Mas o resultado nem sempre é aquilo que queremos, aquilo que esperamos, e isso só nos vai decepcionar mais ainda. Porque aí teremos a certeza que gostaríamos de não acreditar.
Sinto falta das tuas palavras, sinto falta de ouvir tua voz, e hoje, sua falta da tua presença. Não que um dia estivesses assim tão próxima de mim, mas hoje o abismo que se abriu aqui não tem início nem fim. Não me sinto mais a vontade para conversar com as pessoas, porque sinto que falta algo em mim que dê sentido à tudo o que eu disser.
Sei que para você isto não faz nenhuma diferença, mas também confesso que não esperava nenhum “milagre” nesta história toda. Realidades paralelas, futuro paralelo.
Nunca estarei perto de ti da maneira como sempre quis, assim como tu nunca irás querer minha presença por perto pois isto te incomoda. Eu entendo, mas vou precisar de mais tempo para aceitar aquilo que obriguei o destino a cumprir.
Um dia desses tive uma recordação de alguém do passado; foi muito rápido, mas foi como uma viagem. Vi algo que me faltava, e que está em algum lugar do presente mas distante de mim, mas não distante o suficiente para que eu não sinta. Mas talvez, depois de tudo que passei, tenha aprendido alguma coisa, e desta vez seja menos estúpido como das outras vezes. Tudo tem um tempo na vida, e este tempo atual não é para mim, definitivamente.
Alguns tijolos que formavam meus alicerces foram retirados, e agora me encontro totalmente instável e posso cair a qualquer momento. O tempo agora parece que não passa mais; está totalmente parado, imerso na chuva que cai lá fora, e nas lágrimas que insistem em correr pelo meu rosto, me impondo o preço por ser um falso sábio.
Algumas pessoas acham que o mais importante é que todos acreditem que você sabe, pois isto constrói seu perfil. Mas eu discordo; não dá para viver tanto tempo neste mundo ilusionista formado só de aparências, sem uma base real. Eu não sou ilusionista, e não sei viver assim por muito tempo; fazer com que as pessoas acreditem que você tem a resposta para tudo acaba te impondo um preço muito alto no final, quando todos descobrem que aquilo que elas tinham como crença, nada mais é do que o “normal” e o “formal”. Afinal, o que você é se não se diferencia em nada de tudo o mais que já existe no mundo ?
Você é apenas mais um... Mais um que vive de aparências.
Algumas pessoas nasceram para viver ao sol, pois já tem sua silhueta moldada e construída sob o conhecimento adquirido, mas outras precisam das sombras para ficar por aqui, andando de um beco até outro, se locomovendo sem serem vistos, e às vezes só serem lembrados por aquilo que trouxeram da escuridão. Conhecimento. Conhecimento e imparcialidade. Mas dói muito ser um instrumento do destino e não ser lembrado em nada mais; isto te torna apenas útil, as vezes, enquanto que muitos são lembrados por trazerem alegria. O máximo que conseguimos é trazermos respostas, mas nem sempre elas fazem alguém feliz; elas se limitam à verdade, e nem sempre as pessoas estão prontas para saberem a verdade naquele momento exato.
Fico triste, muito triste, em saber que continuo sendo apenas mais uma sombra, como sempre fui, e que vou continuar sendo apenas um instrumento do destino, mas não posso reclamar; a escolha foi minha.
Talvez, quando eu escolhi, não tivesse idéia do fardo que esta realidade iria me fazer viver, mas uma vez dado um passo nesta direção, não existe volta.
Hoje te perdi, amanhã irei te perder novamente, e assim dia após dia te perderei, para sentir o gosto amargo da derrota imposta por um sonho que apenas comecei; quando escolhi o caminho do amor para chegar ao conhecimento supremo, não esperava te encontrar tão cedo, mas acredito que em tudo existe um propósito. Talvez tudo tenha acontecido para me mostrar o quanto leviano sou e o quanto inconseqüente tenho sido em minha vida, sempre começando as coisas, mas nunca terminando nada.
Esta é minha sina; começo tudo, nunca termino nada.
Ao menos isto me traz uma esperança; comecei a te perder, e te perderei todos os dias, mas como tudo o mais, não vou terminar isto. Ou seja, nunca irei te perder completamente.
Assim sendo, vou e volto, num mesmo movimento repetitivo, como a chuva que continua a cair, e insiste em me lembrar que continuo chorando enquanto escrevo.
Até quando ?
Boa pergunta. Se eu nunca termino nada, talvez nunca pare de chorar por ti.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Paradigma

Quando uma porta se fecha em sua vida, outra está se abrindo. Sonhe grande, mas não exagere; brincar de ser um deus precisaria de uma porta "bem" grande.

Ponto final

Da rosa mais linda do jardim retirei apenas os espinhos; das plantas carnívoras da floresta retirei apenas o mecanismo predador; dos animais sombrios que insistem em continuar te seguindo arranquei apenas os dentes; de meu violão parcialmente desafinado extrai uma música; da rouquidão e da voz quase sumida em meio a tanto barulho, retirei apenas um último grito de despedida.
Tentei te ouvir tantas vezes; tentei me fazer de amigo tantas vezes, tentei estar ao teu lado tantas vezes. Por tantas vezes quis ser teu anel, para envolver teus dedos e estar sempre segurando tua mão; noite após noite sonhei com teu amor que nunca existiu, e me afoguei no mar dos teus olhos que brilham mais a cada dia que passa. Estive tão perto de ti, mas ao mesmo tempo sempre estive tão longe, que hoje não me restam mais muitas perguntas e nem tenho mais tantas respostas como um dia já tive. Sei o que acabou de acontecer, aliás, eu já sabia há muito tempo como e o que iria vir a seguir.
Choro, sem arrependimento por nenhuma das lágrimas que cobrem meu rosto, pois cada uma delas é uma reverência ao teu magnetismo e à tua majestade, que reina e sempre reinará em meu mundo sombrio e turvo. Não quero que a última lembrança que tenha de mim seja assim, chorando, mas não sei se esta será a última poesia que te escrevo; esforçarei-me para que não seja, pois hoje amanheci sentindo um vazio tão grande em minha alma, e um peso tão grande de um karma em minhas costas, que custo a acreditar que deixei-te escapar por entre meus dedos novamente, como se isso não tivesse a menor importância para mim.
Afinal, do que me serviu contos de fadas, histórias medievais, enfrentar meus demônios todos os dias em cada segundo que se passava, horas em frente a um teclado aprimorando meus dons em dizer a verdade sobre minha alma, se, em apenas uma palavra, derrubastes tudo? Aliás não foi uma palavra, foi a ausência de uma palavra. Tens usado o silêncio como a arma mais poderosa contra tudo o que sinto, pois o silêncio nada comprova, apenas delimita uma condição que não nos é favorável e que queremos que seja mudada o quanto antes.
Aquilo que o destino traça, com seu compasso que rasga nossas vidas se ousamos ficar em seu caminho, ninguém mais consegue mudar, e eu atravessei esse caminho para te ver mais de perto, e minha vida se rasgou por completo, e só sobrou retalhos de uma realidade que tende a ser meu futuro. Quando uma coisa não deve existir, e nós insistimos em criar, se não retrocedemos, ele mesmo se encarrega de nos afastar disto.
Agora, não restam mais alternativas de caminhos, nem de atitudes. O destino se cumpre, e eu caminho pelo deserto sem fim deste inferno pessoal que criei, seguido pelos fantasmas que trouxe de meu passado, e que levarei para meu futuro.
Sei que não sou digno de nem mais um sorriso teu, pois afinal, as coisas que escrevo já não tem importância em tua vida, pois de nada elas te servem. Por isto, hoje, transcrevo para o papel toda minha dor por te perder, por não saber mais onde estás ou o que estás fazendo, por não saber mais se estás feliz ou não. Dói, e muito, e desta dor é que brota minhas lágrimas sentidas, desferidas de meu peito.
Acredito que não exista nada mais que poderia me machucar mais do que este adeus, sendo ele um ponto final em uma história que nunca aconteceu; portanto não existem parágrafos, nem espaços, nem sublinhado. Apenas não começou, porque não era para acontecer. Eu acreditei em meu sonho mais lindo, tirei os pés do chão, e vivi com toda intensidade meus sentimentos; mas, agora que meu chão é tirado, entendo que nunca deveria ter me aproximado tanto de você, pois a única coisa que fiz por ti foi colocar em tua mente dúvidas e histórias muito difíceis de acreditar. Não era isto que eu queria para ti; só queria que fosses feliz todos os dias, e que eu pudesse te ajudar nisto.
Mas nem isto fui capaz de fazer. Fui apenas uma pedra em teu caminho. Mudaste a direção, e a pedra deixou de existir.
Assim como surgi em tua vida, a deixo com a esperança que não leves contigo a mágoa e a descrença que te causei, pois uma das coisas que jamais poderias fazer é deixar de acreditar no verdadeiro amor, mesmo não sendo eu.
O meu casulo se abre novamente, e me recolho para meu túmulo frio e úmido, repleto de fantasmas e lembranças doentias, coisas que não consegui fazer evoluir juntamente comigo.
Tudo tem um preço; e o preço por ter acelerado o tempo, é nunca mais te ver nem ter notícias tuas, e viver eternamente de lembranças do que não existiu.
Pago, hoje com lágrimas. Amanhã, talvez minha vida, para que você viva a tua.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Paradigma

A criação tende a ser um reflexo da personalidade do criador. As perfeições ou imperfeições da criação só dependem da lente com que o criador se auto avalia.

O deserto das almas

Caminho lentamente, já com os pés adormecidos e a pele queimada pelo sol que arde pelo céu, num dia que parece eterno, onde me arrasto pelas areias sem fim deste deserto. É estranho para mim, que sempre estive pelas sombras, mas este sol que brilha e queima aqui não é o mesmo que estava lá antes, quando eu não podia enfrentá-lo; este sol é artificial, e faz coisas que normalmente não acontecem.
Aqui eu posso, e não tenho escolhas; tenho que me expor ao sol e à luz, mas ele não é tão limpo, inocente e implacável como o normal. Aqui ele queima minha pele em segundos, como exposto numa fornalha à lenha que é abastecida com madeira nobre todo o tempo, sem interrupção. Isto dói muito, mas arranca de mim tudo o que carrego e traz à tona toda minha inquietação e todas as minhas dúvidas, tudo que fiz ou deixei de fazer, tudo aquilo que construiu meu karma.
Meus sentimentos fluem pelas minhas veias, e se expõem neste calor insuportável, e meu corpo arde em brasa da mesma forma que minha alma se incendeia, e me sinto parte do próprio fogo; é como um retorno as raízes. Batizado pelo fogo, reenviado ao fogo novamente. Este deserto é um campo sem fim, e quanto mais ando, mais leve me sinto, mas ao mesmo tempo mais consumido me sinto também; vou ficando fraco e, por vezes, caio de joelhos sobre as areias escaldantes desta planície ardente.
Labaredas cortam os céus, como se fossem raios, e ateiam fogo em tudo o que atingem, e delas vou me esgueirando, apesar de já estar em estado de fogo puro também. O mormaço que sobe das areias exalam um odor forte e muito difícil de respirar, o que vai me deixando mais dormente; é como respirar gás paralisante. Aos poucos vou perdendo parte dos sentidos e da orientação, e caminho em parte sem senso de onde estou indo. Na verdade, desde o começo não sei exatamente para que lado ir; tudo aqui é muito relativo, e a vontade faz o caminho. Mas minha vontade ainda está atrelada ao mundo real que deixei para trás, e teu semblante, minha eterna dama da noite sem fim, não sai da minha mente; teu olhar sereno e tua classe de comportamento continuam me enfeitiçando, e jamais vou conseguir te esquecer. És, e sempre serás a eterna dama da minha vida, minha inspiração dos olhos cor de mel, e vou continuar esta peregrinação por este deserto infindável, onde as almas se perdem e ficam sem direção, enquanto tu quiseres. Daqui só sairei quando chegar o tempo certo, onde tu, em tua imensa sabedoria e intuição, me descobrires e entenderes o quanto te amo e sentires o mesmo por mim.
Não me importo mais em estar nesta condição de tortura e sofrimento extremos, pois somos todos capazes de suportar tudo, mas tudo mesmo, pelo verdadeiro amor de nossas vidas; não existe castigo ou dor que seja capaz de nos fazer recuar em nossas atitudes e nossos sonhos se amamos verdadeiramente, se encontramos nossa outra parte.
E por ti, minha dama, continuarei aqui, tirando forças das areias e das almas que jazem aqui eternamente, para não cair nem perder para sempre a consciência do que sou e do que estou esperando. Muitas almas se perdem aqui, pois entram sem a certeza do que encontraram, e quando descobrem que foi apenas ilusão, ficam trancados aqui por todo o sempre. É uma prisão astral, de onde saem apenas as almas que evoluírem a ponto de reconhecer que a vida não é nada sem a morte, que o sonho não é nada sem a desilusão, que os acertos nada são sem os erros, que as paixões nada são sem um amor de verdade.
Tudo é uma controvérsia, e de lados opostos se contrabalanceiam para que a existência esteja sempre em movimento, senão tudo estaria condenado ao estado estático para sempre.
Sei que tudo aqui é meio confuso agora, ou mais uma vez, mas para mim a explicação está em cada pergunta, as respostas estão embutidas nos enigmas, e são tangíveis para quem estiver com os olhos da alma abertos. Graças à teu sorriso maravilhoso e teu olhar lindo como o ouro reluzente, não perco mais a direção nem o sentido da minha vida, pois agora vivo dentro da morte, pois ela não tem mais enigmas para mim.
As almas perdidas passam a meu lado todo o tempo, enquanto caminho arrastando os pés pelas areias ferventes, e minha alma vai deixando um rastro escuro por onde passo, enquanto te espero, dia após dia, ano após ano, pois aqui tempo não existe, até que te reencontre novamente, e não cometa mais os erros que cometi.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Paradigma

Palavras mal direcionadas são como pregos fincados em uma árvore. Você pode arrancá-los, mas as marcas ficarão para sempre. Nem sempre ajudar significa bater um prego.

O despertar de uma manhã sem sol

Acordo, mas parece que não acordei. Tudo permanece igual, no mais absoluto breu e imerso na mais profunda penumbra; é como se fosse ainda noite. Mas já está de manhã, e eu não vejo o sol.
Posso vagar por qualquer lugar, mas não consigo te ver, pois só posso ver a tua luz durante o dia quando a Luz primordial está no auge do celeste azul. Por onde andas, dama da minha vida?
É como se tua luz estivesse tão longe de mim, que não consigo te sentir mais com a mesma proximidade de antes. A intensidade continua cada vez maior, mas sinto hoje uma distância que não existia antes. Algo mudou em tua vida, posso sentir, mas preferes continuar trancada em teu silêncio a se abrir e me honrar com uma palavra tua. Um cumprimento teu já seria o bastante para me dar motivos para ficar feliz por todo o dia, e talvez amanhã também.
Portas e janelas se fecham em segundos, e meu olhar se perde ao longe tentando encontrar algo que reluza mais do que os poucos dentes de ouro que se perderam pelo chão, junto com as pedras que deixei cair na tentativa de segurar a ti. O chão se tornou liso e escorregadio, e em partes se tornou arenoso e imerso em pedras; de qualquer forma, não será fácil caminhar a partir de agora, mesmo a noite, pelas sombras, como sempre faço, afinal, não existe mais dia. Essa é apenas a porta de entrada na noite sem fim, de onde a alma não foge, não se esconde, não tem proteção, não tem refúgio e onde ficará exposta a todo tipo de provação até que mereça novamente outra oportunidade de reconquistar aquilo que perdeu por falta de maturidade.
É uma realidade difícil, mas inevitável. A partir do momento em que sais da minha vida, tudo volta à total escuridão; antes ela apenas existia à noite, mas agora não terá mais fim. Estar todo o tempo trancado neste labirinto que se forma e se molda nas ilusões e desilusões que me cercam ainda me colocam medo, pois já passei por aqui, mas não tenho muitas lembranças. Essas experiências, demasiadamente duras, são apagadas da nossa mente para que não se viva para sempre na dor desta passagem, e para que, sem ela, se possa começar a reconstruir um novo mundo para nossos sonhos, um local onde seja possível que se atinja a dignidade suficiente para te reencontrar um dia e te merecer.
Por hora, me resta de consolo que ainda sei onde estás, mesmo não sabendo o que tu fazes; mas logo não saberei nem mais onde estarás, pois tu já se adentrou no túnel iluminado das revelações e está a um passo de cumprir mais uma etapa da tua vida, longe de mim, pois assim não correrá o risco que eu interfira em teu destino, te colocando novas dúvidas. Hoje sei que errei em me aproximar tanto de ti, mas como eu poderia prever o que estava dentro dos teus olhos, escondido de tudo e de todos, e que somente eu posso ver? Esse rio de fogo que nasce em teu olhar, me inunda e invade minha alma, e não me deixa pensar com clareza. A única coisa coerente que eu poderia fazer é jogar tudo que tenho para o alto e me entregar a ti, mas, do que me adiantaria se por um erro grotesco da minha parte adiantei acontecimentos futuros, e com isso não me reconhecestes?
Estaria jogando em vão, e é este o único motivo que não me deixa abandonar minha vida errante e te esperar na próxima estação da vida; tu passarias sem ao menos me ver, como já aconteceu antes. Mas, apesar de tudo, estou pronto para não mais te ver; reconheço meus erros e reconheço que nada mais posso fazer a não ser esperar teu adeus definitivo, que selará algo que não deveria ter acontecido.
Estou pronto para as sombras da eternidade, que nada mais são do que vislumbres das sombras nas quais já passo a maior parte de meu tempo; das sombras vim, nas sombras vivo, e para as sombras me encaminho novamente. Ao menos tive o privilégio de olhar em teus olhos e sentir tuas mãos, teu perfume, e pude e poderei sonhar sempre com ti.
Isto já me deixa feliz, por saber que tua escolha também te deixa feliz. Só não gostaria que minhas lágrimas rolassem em meus últimos minutos perto de ti, pois não quero que se afastes com a impressão de deixar sofrimento em minha vida, pois não és verdade.
O que deixastes em minha vida, és o sinal de que um dia eu serei feliz por completo, quando chegares a hora, e puder te amar e ser amado por ti incondicionalmente.
Enquanto isto, observo a manhã que passa, encoberto pelas sombras que criei e envolto nas névoas de meus sonhos que se desfazem...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Paradigma

Uma vez que você acenda uma vela para o demônio, você poderá apagar a sua, mas ele jamais apagará a dele. Portanto, pense bem para quem você está abrindo as portas da sua vida.

A pedra, o silêncio e a condenação

A vida em si, é algo que sempre se recompõe. Ela nasce, se desenvolve, tem sua fase de transição e estabilidade, e por fim morre; mas sempre se recompõe de alguma forma.
E por mais incrível que pareça, a situação de recomposição e transição de uma vida nunca acontece de uma forma bela, linda ou majestosa. A vida está sempre envolvida num invólucro sombrio, úmido e cheio de mistérios. Se for analisar a própria metamorfose de uma lagarta, pode-se notar que, para se tornar uma borboleta e parar de se rastejar pelos campos, ela precisa se fechar em seu túmulo, e lá permanecer escondida, até que a fase esteja completa. Se o casulo for rompido antes do tempo, é que se vê a imagem grotesca e obtusa que a criatura está, pois o processo não está completo.
Tudo prova que, para o renascimento e o retorno à vida, para que aconteça, necessita dessa fase de transformação, ou seja, é necessário esse meio sombrio para que o ciclo nunca pare.
Existe vida nas sombras, na escuridão, e onde existe vida, existe poder. Poder de transformar e evoluir. Esta fase, pode ser desde um segundo até uma vida toda; as pessoas precisam de uma relação de tempo pessoal para isso, o que varia totalmente entre elas.
Esta vida na escuridão, não é necessariamente uma escolha, é uma linha que o destino traz e da qual não se foge; é preciso viver dentro dela. Sobreviver. Não é tão difícil assim se adaptar para ela, até mesmo porque muitas vezes já nascemos assim, fechados, escondidos do mundo, e mesmo andando pelas sombras atingimos os mesmos lugares que quem já está ao sol consegue. Só que não somos notados. Passamos despercebidos com a maior facilidade. Acredito que o escuro ajude nessas horas, afinal, bem poucas pessoas estão preparadas para enxergar nesse lugar. Normalmente, somente aqueles que já andaram ao lado dos cavaleiros da morte conhecem os truques do silêncio e da ausência de luz. Nesta arte, não somos principiantes; somos os donos do silêncio e da falta de brilho nos olhos, por isso o sol é tão difícil de enxergar. Cada um reina em sua casa, e nada além disto, e nossa casa é nas sombras, qualquer uma, e lá criamos nosso destino e nosso objetivo na vida.
De repente, você pode gostar da idéia de ser gótico, ou dark, mas se realmente não sabe o que isso significa para sua vida, você apenas está usando um rótulo falso. Você quer, mas por algum motivo não consegue. E assim vai ser pra sempre; aqueles que são predestinados a passar pelas sombras, não tem como fugir dela, mas aqueles que nasceram para ser parte do sol, somente não o serão se não quiserem, pois nas sombras eles não conseguem ficar mais.
Aqui tem algo que não pertence aos iluminados, e que eles não precisam mais para sua elevação; o conhecimento das artes mais sombrias que reinam nos porões da insanidade de uma mente corroída; um inferno pessoal. Passar pelos infernos não é o problema; problema é decidir ficar por lá. Assim como eu, você pode passar e sair, e ainda pegar todo o conhecimento que couber em suas mãos. Da verdadeira escuridão, nem a luz escapa, pois ela não encontra onde refletir, já que tudo é absorvido.
Talvez isto até mesmo ajude a entender coisas mais “tangíveis”, como os próprios buracos negros no Universo; nada que estiver em seu caminho escapa, nem mesmo a luz. Isto provado cientificamente.
Isto significa que é ruim ?
Claro que não. Como se pode dizer que algo é ruim quando não se sabe o que ali, naquele determinado momento, é realmente bom ?
É necessário ter o conhecimento de ambos os lados, para que se possa decidir.
Sentir, em todos os níveis, a inconsciência tomando conta do seu mundo, as coisas fugindo do seu controle, dominando tudo sozinho, sem precisar de ti.
Perder o controle sobre as coisas muitas vezes nos deixa sem rumo, a devaneios completos, mas são coisas necessárias para o aprendizado.
Quantas e quantas vezes passamos a vida juntando algumas pedras na mão, achando que elas sempre resolverão tudo pra gente, e de repente, descobrimos uma pedra sagrada, e temos que jogar tudo para o alto para poder segurá-la. Resultado, perdemos as pedras que não tinham sentido, mas eram nossas, e também não conseguimos segurar a pedra sagrada, pois ela brilha tanto que não se pode chegar tão perto dela nesta escuridão.
Perder as coisas, já é hábito para nós, senhores das sombras. Mas só conseguimos encontrá-las novamente se elas estiverem no escuro, ou quando decidirmos que já é hora de sair deste vale de morte, e lutarmos pela vida, e não para fugir da condenação.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Paradigma

A ausência de uma resposta nem sempre leva à outra pergunta. Como já ouvi dizer, " as palavras são de prata, mas o silêncio é de ouro ".

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Paradigma

O mal foi forjado à ferro e fogo, por isso é que com o tempo ele se enferruja, e se decompõe. Enquanto isso, o amor foi forjado com a alma, por isto é que, pelo amor, tudo se recompõe, mesmo quando a vida parece não ter mais sentido.

Lágrimas de sangue

Sinto o frio de mais uma noite que cai, enquanto ando firme e lealmente rumo ao meu destino, que me aguarda no fio de alguma espada que com certeza acabará me atravessando em algum momento desta noite sem fim. Sei que cedo ou tarde, consiga eu ou não derrubar todos os inimigos de tua coroa, em alguma situação alguém irá cumprir o ritual da minha vida, me enviando para o eterno corredor da condenação onde vagarei até que outra oportunidade me seja dada para recomeçar.
Mesmo sabendo que o preço por estar lutando por teu amor és a minha morte, o medo não existe em meu coração, pois tu vales cada gota de suor e cada lágrima de sangue que eu derramar em tua defesa, pela honra que me destes por deixar-me te amar, mesmo sendo para ti apenas um cavaleiro errante, que teve apenas uma única oportunidade de ser leal ao teu julgamento, e te decepcionei, lutando por valores que não tinham sentido nem real importância em minha vida. Usei teu conhecimento sagrado por futilidades.
Me arrependo sim, mas apenas as intenções não são mais suficientes para que me perdoes, e por isto fui condenado a me cobrir de sombras, e a nunca mais ver a luz do sol, já que a única forma para que eu aprendesse a dar valor àquilo que realmente merece, era me privar deles.
Aqui estou, preso e vivendo na escuridão, mas vivo. Vivo, e te servindo das formas que consigo, pois minha lealdade a ti em nada se abala mesmo estando as voltas com a luta por teu reino, onde tudo pode se perder, assim como tudo pode se ganhar.
Apenas uma chance, e nada mais. É só isso que preciso para que complete minha missão como teu guardião; não importa as armas que usarei ou como usarei, apenas preciso te manter a salvo. O cumprimento de teu reinado é fundamental para teu povo, e a prosperidade está em tuas mãos.
É como se o tempo tivesse parado agora; esse caminho que sigo pela noite, através da floresta ao redor das casas, parece que não tem fim. Onde estás teu castelo, minha adorada dama? O construíste no mais íngreme dos penhascos do reino, onde somente se chega passando pela tua real guarda. Claro que não é assim que passarei; eles, que estão do lado de fora, não tem culpa do que acontece do lado de dentro. Apenas passarei sem que me notem; pra mim não ser notado é simples, já é de minha própria natureza.; é algo que já se incorporou em mim, e as sombras sem fim da noite me acobertam.
Minha alma já queimou tanto de amor por ti, que agora ela se encobre de gelo e me deixa totalmente congelado em meus sentidos, e somente meus sentimentos me guiam, também gelados, só que de, tão gelados, chega a queimar meu peito e atravessar minha armadura.
O frio eterno de uma noite que eu sei que não terá fim, ao mesmo tempo me desafia e me adverte; ter a coragem de enfrentar meu maior inimigo, mas jamais me esquecer do motivo que me leva a isto. Meu maior inimigo é aceitar meu karma, e esse sim é pesado. Mas nada é tão pesado que não possa ser carregado. Antes do tempo, eu não aceitava que não iria ter seu perdão; hoje, acredito nele, mas aceito que da mesma forma posso nunca ter. Isso sim é difícil. Conviver o tempo todo amando alguém que está tão longe de mim, que as muralhas de teu castelo nem mesmo deixam que tu me vejas como eu realmente sou. Tu me vês como a maioria das pessoas da corte; aquele cavaleiro que desobedeceu a rainha e teve como castigo a desfiguração da imagem refletida.
Para ti, sou um monstro, algo que vive e se alimenta da escuridão, dos medos e das dúvidas, apenas levo preocupações e desavenças e espalho as inquietações por onde passo. Mas não é isso realmente que eu sou.
A vida me fez frio e duro como uma rocha de gelo, mas que tem uma alma se incendiando por dentro o tempo todo. Tu me vês desfigurado pois tua alma ainda está fechada demais para que vejas através da névoa que me segue, e enxergues através das sombras. Lá estou, com minhas asas ainda calejadas de tantas perseguições que sofri e de tantas quedas que tive, mas ainda consigo voar até a luz dos teus olhos. As sombras podem parecer que não tem vida, mas através delas é que se distingue o teórico do real.
Somente saberás que algo está na luz, se souberes como são as sombras, e somente saberá quem está nas trevas se já estiveres na luz. E isto tu já estás, há muito tempo.
Puxo meu capuz, e sigo, como um monge com a túnica preta rasgada pelos arbustos. Até quando, não sei. Até onde, com certeza sei. Até teu castelo, esperando que até lá, tu já tenhas aberto as portas dele para mim, para que mais uma vez eu não seja obrigado a entrar pelas sombras para poder ficar apenas te olhando...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Paradigma

Se hoje você gosta de estar acompanhado, é porque já sabe como é a solidão. Para tudo funciona assim; se hoje você acha que está na luz, é porque já conhece a escuridão.

Tua sombra, meu castelo

A incerteza de um momento que ainda não aconteceu consome minha alma; vago entre as árvores da floresta pelo noite adentro, onde busco o conhecimento que me falta sobre a arte do domínio da obscuridade. É uma peça chave para a libertação da minha amada dama, antes que seja destituída e morta em seu próprio castelo.
Os ventos da inconseqüência imperam pelos ares, pois tudo que já foi feito contra ti deixa rastros sem precedentes. A única certeza que tenho é que irão pagar bem caro por isto, por desmerecerem tua clemência.
A eterna sombra da noite invade teu castelo e teu reino, e isso me abre todas as portas; agora me sinto em casa realmente. Aqui não encontro quase ninguém, pois poucos se atrevem a atravessar os corredores escuros e úmidos do subconsciente, e deixar que apenas tua alma te guie. Mas o senso de direção não é imposta pelo subconsciente; a direção nos é determinada pela alma, pelo fogo eterno da ligação dos elos perdidos que se clamam pela aproximação. É puro instinto; assim como tu matas um animal quando estás com fome, também ages pelo instinto quando precisas de seu complemento.
Deixe que a magia sagrada das chamas da alma te levem em seus braços, te conduzam pela floresta sem fim de uma noite que talvez não acabe nunca, pelo menos para mim.
Preciso que tua essência esteja viva e presente hoje, mais do que nunca, pois és a força de alimenta meus dons, e que me dá coragem para acreditar naquilo que não tenho ainda, e aceitar sair de meu refúgio, onde estava protegido e longe de tudo que poderia me atingir, e me sujeitar à esta exposição e trocar tudo que aprendi e sei, que é minha base sólida de confiança, por algo que nem sequer sei se conseguirei conquistar.
Teu coração e teus sentimentos são meu objetivo; lutarei contra tudo e contra todos por ti, mesmo sabendo por tuas palavras mesmo que não sou mais digno de prostrar-me perante ti e pedir-te perdão. Já deste minha sentença; mereço a morte por minha própria espada por duvidar do amor de ti com teu reino, e reconheço que mereço.
Mas nem por isso deixo de acreditar, de ter fé, e de me deixar levar pelos ventos da paixão eterna que tenho por ti; ficarei neste campo de batalha até o momento de minha morte, seja como for, seja por meus inimigos ou por ti mesma, mas não deixarei meu posto solitário mas sincero e digno que assumi de defender-te contra tudo e contra todos.
Mesmo que me condenes, manterei minha honra em estar à tua disposição para o que vieres a precisar; sou teu fiel cavaleiro, que nomeastes um dia como primeiro guardião de teus segredos, e irei mantê-los pelo custo da minha vida. Morrerei, mas não sairei de teu lado. Manterei teus inimigos longe de ti, serei teu escudo contra as bruxarias daqueles que querem se apoderar de teu poder, serei o eterno guardião de tua espada sagrada, e não descansarei um segundo sequer até que tenha cortado a cabeça de todos que se atrevem a desafiá-la, com um único golpe de minha espada.
Tu és o passado, o presente e o futuro; tu tens em tuas mãos meus segredos do passado, meus dons do presente e a glória do meu futuro, e por mais que as circunstâncias tentem se mostrar adversas, nunca sairei do meu caminho. Caminho que leva a ti, somente a ti.
Seria muito mais simples optar em manter-me seguro e confortável em meu abrigo nas sombras mais longínquas que existem, mas, de que serve a vida de um cavaleiro se não houver desafios a serem aceitos, se não houver uma batalha para vencer, se não houver um amor para conquistar. A vida é uma aventura constante, e os trotes de meu cavalo são lentos perto do movimento que o mundo vive, e preciso muito mais do que este abrigo inerte para glorificar a honra da minha vida.
Tenho a necessidade de oferecer-lhe minha vida, minha alma, e me colocar em constante vigilância por ti mesmo que isto signifique estar todo o tempo me expondo e arriscando que seja estudado e encontrem um jeito de eliminar a vida de meu corpo.
Ainda sou um enigma para eles, os inimigos, mas mais do que tudo eles querem saber como ainda estou vivo, tendo em mãos o carinho e a bondade de minha rainha, moldados em minha espada, sem ser petrificado como o material original na antiguidade dos tempos.
Meu segredo, é teu segredo, minha adorada dama; somente tu tens a resposta para o enigma da minha existência, e um dia irás abrir as portas da tua alma para mim, e lá estarei, rígido e em prontidão constante, pela eternidade se for preciso, mas sempre pronto para deixar que tu leves minha alma contigo.
Podes achar que sou louco por ainda insistir mesmo quando já destes minha sentença, mas acredito que nada é impossível quando se ama com toda a alma. E eu te amo, adorada dama, rainha de meu reino, com toda a minha alma, e seja na consciência ou na insanidade, te esperarei pelo tempo que fores necessário, sem jamais deixar-te sozinha.
Quando achares que estás só, lembre-se de procurar alguma sombra. Lá estarei, te olhando e te admirando a cada dia mais.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Paradigma

A evolução de uma conquista é mais importante do que a conquista em si. Mante-la, dia após dia, cada vez mais seu, é que é a evolução. Matar um leão por dia não é difícil; difícil e dar fim em todos os corpos.

O tempo é algo que não se conta

O tempo é algo que não se conta, não se programa, não se decompõe. Ele apenas é o veículo por onde tudo trafega, e por onde tudo acontece. E assim ele vai passando, noite após noite, em um vento frio sem fim, alongando os mistérios que envolvem minha mente já bastante sombria e calada, se preparando para a batalha da minha vida.
Já tenho posse do meu escudo, que é a sombra de teu semblante me envolvendo, e tenho minha espada sagrada. Só tenho que esperar o tempo certo para espreitar pela noite, buscando cada um de meus, e seus, inimigos.
Mas onde moras o segredo que me dá tanta confiança em minha luta por teu amor?
Mora essencialmente na minha alma, e de lá não há como ser tirada, e assim ela me alimenta todos os dias, enquanto espero o tempo passar, e as verdades se entrelaçarem.
Mas, e quanto à espada sagrada?
Essa é uma história à parte.
Há muito tempo atrás...
Existia um material, tão resistente, que sua localização era totalmente desconhecida. Qualquer exército que se apoderasse dele, e conseguisse forjar alguma arma, seria imbatível em qualquer batalha. A origem desse material na verdade, é uma lenda; e como todas as lendas, cabe a cada um acreditar ou não.
Diz a lenda, que havia um povoado ao norte da Província Britânica, que tinha suas casas construídas debaixo das terras, numa espécie de mundo paralelo, pois lá, mesmo abaixo das terras, eles tinham de tudo, plantas, flores, frutas, animais, e tudo mais. E isso só era possível, porque eles tinham aquilo que se poderia chamar de “um sol particular”.
Era a princesa do povoado; ela tinha uma aura em forma de arco íris, e de seu coração emanava uma luz tão profunda, que iluminava todo o povoado durante os dias, e alimentava tudo que precisava de luz. Era a própria inocência de uma deusa na forma de uma princesa num mundo real.
Mas as lendas atraem a ganância. A lenda também dizia que, aquele que conseguisse ferir o coração da princesa num único golpe, com uma espada de prata virgem, herdaria o poder da princesa, mas não na forma de luz que alimenta, mas sim na forma de sabedoria alquímica. Simples, o que todos queriam era transformar chumbo em ouro.
Depois de eras de procura, uma expedição fenícia encontrou o povoado, e como já sabiam o que esperavam, entraram com todas suas armas, e as pessoas do povoado, simples e pacato, foram todas sucumbidas à morte sem nenhum pudor.
Diante de tanta tristeza, a princesa surgiu em meio à guerra, e com um único olhar, transformou todas as armas em flores, deixando o exército fenício totalmente desarmado, mas, não havia mais ninguém no povoado.
A princesa apenas se esqueceu de um detalhe; ela somente podia transformar aquilo que ela via, e ela não viu o comandante do exército que se aproximou por detrás de umas das casas, e, com um golpe único e certeiro, atravessou o coração dela com sua espada de prata virgem. Tudo se encaminhava para a glória do exército e seu comandante, mas a princesa, numa última atitude de bondade extrema, preferiu derramar todo seu sangue, cortando seus pulsos na própria espada que estava fincada em seu peito, e se entregar à morte antes que sua luz se transpusesse ao comandante da tropa.
Com a morte da princesa, houve um grande terremoto que soterrou todo o povoado, matando a todos, inclusive o comandante e seus soldados.
O local onde isto ocorreu, permaneceu em segredo por milhares de anos, até que um dia um minerador de uma vila das regiões, encontrou um material estranho incrustado nas rochas. Com a ajuda de mais mineradores da vila, conseguiram extrair o que foi possível, pois havia mais descendo pelas entranhas da terra.
Levaram até o reinado e apresentaram à rainha e sua corte, que, após analisarem o material, que tinha uma liga totalmente estranha, ordenaram que tentassem fundi-lo como aço, para ver a resistência que poderia ter.
Tentativas em vão; por mais que elevassem a temperatura das caldeiras, o material não se fundia.
Até o dia em que a rainha foi pessoalmente visitar a forjaria, para ver a dificuldade dos artesãos em tentar fundir o material, e, quando adentrou o recinto, sentiu uma enorme força brotando em seu coração, como uma chama eterna que não consome, apenas alimenta, e, chegando próxima do material, com apenas um olhar, mais quente do que as profundezas do inferno, fundiu o metal, e a primeira coisa que ordenou foi que fosse forjada uma espada com o material.
Este material nunca teve nome, pois o segredo estava na alma da rainha, que, de algum modo, tinha a mesma bondade em seu coração que a princesa do povoado massacrado pelo exército fenício. Esse segredo perdura até hoje, e a espada, esta está comigo, que fui o primeiro cavaleiro da guarda real a quem a rainha deu a honra de liderar suas tropas.
Onde ficou o restante deste material... ninguém sabe. Por isso essa espada é única. Ela tem o fogo da alma de minha dama amada, eterna rainha destas terras, e nada pode quebrá-la, e por isso a defendo com minha vida. Somente posso entregá-la à minha rainha, caso ela a requisite.
Por hora, sou seu dono, e a empunho agora, quando a noite cai, e vou sair à procura dos desleais súditos da minha rainha para impor-lhes a morte, fria, e sombria.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Paradigma

A sombra não é a ausência da luz, e sim a absorção total da luz, pois, se a escuridão não reflete nada, é porque ela absorveu tudo.

A lâmina cega da impunidade

Não entendo muito bem porque insistes em comportar-se assim. Mesmo sabendo de toda conspiração contra ti, fazes questão de continuar todo o tempo na claridade dos castiçais, onde todos podem te ver todo o tempo. Isto não é bom. Estás muito exposta e assim coloca-se em risco há todo momento. Parece-me que realmente não tens certeza daquilo que me move, daquilo que tento te provar há tanto tempo que até a poeira do destino não consegue mais apagar. Porque insistes em descrer-me totalmente? O que mais preciso fazer para que venhas a crer em meus sentimentos mais nobres e honrosos para com ti?
Como dama das minhas noites sem fim, por onde ando sempre em linha reta de olhos fechados, mas acima de tudo como rainha de meu império, jamais te desrespeitaria perante tua corte, embora esta corte não mereça nem um décimo de meus préstimos. Mas mesmo assim, respeito-te acima de tudo, pois és e sempre serás a rainha dos meus caminhos. Aquela que emite brilho onde não existe um só reflexo nem um sequer raio de luz, onde a escuridão sempre prevalece; aquela que tem o cetro de comando da minha alma, pela qual não temo a espada nem o escudo de meus inimigos pois minha alma fica mais forte a cada dia que passa, e com ela posso vencê-los todos com apenas um gesto; aquela que segura em minhas mãos mesmo sem querer pois meu pensamento vai muito além de tua imaginação, e consigo sentir-te tão próxima que posso tocar teu rosto, embora jamais me atreveria a fazer. Tuas mãos me bastam; um beijo que deixar-me dá-las és suficiente para que nunca mais esqueça o segundo em que tive a ousadia de olhar teu rosto quando nenhum dos teus soldados tinham. Eles apenas a respeitavam; eu fui além, eu passei a admirar-te e sentir uma necessidade sem fim de proteger-te a qualquer custo. Minha vida é um prêmio muito baixo pelo que posso fazer por ti; gostaria de poder oferecer-te mais, mas tudo que tenho hoje, além de minha alma que já é tua, é minha espada sagrada, que tu mesmo a forjastes com o fogo sagrado de teus olhos e que, seguramente, a devolverei a ti quando tiver certeza de que não corres mais perigo.
Preciso de tua confiança, uma vez mais, embora saiba que não mereço. Minha ousadia me custou o exílio de teu reino, e aproximar-me de ti se tornou uma missão hoje. Todos estão à minha procura, quando na verdade, tua corte e tua guarda real é que planejam contra ti. Provar, nunca conseguirei antes que derrubem-te, mas isto não deixarei que aconteça, pois poderia ser tua morte. Se morreres, irei junto, pois os corredores de silêncio e escuridão da morte eu já conheço como minha casa, e irei contigo até as portas do julgamento final, mesmo sabendo que os céus te aguardam enquanto que, a mim, só resta um último suplício de perdão como chance de não permanecer eternamente nos infernos ou vagando por esta terra deserta.
Não fiques tão longe das sombras; aproxime-se pelo menos um pouco, para que eu te veja e alcance quem estiver próximo de ti; somente assim derrubarei tua guarda infiel, homem por homem, e eliminarei tua corte que te presta homenagens agora, mas planeja tua queda logo após. Não merecem a vida; na verdade, não merecem nem ir tão rápido para o inferno, pois a lâmina de minha espada é rápida demais. Deveriam sofrer mais pelo desrespeito e pela audácia de conspirarem contra ti.
Dama, linda e maravilhosa dama da minha existência, deixe-me que envie-os para os corredores da morte sem que nenhum guia venha buscá-los, pois assim vagarão muito tempo entre as portas do sofrimento e da tortura, para assim saberem o quanto erraram em escolher o lado dos traidores. Deles, não tenho piedade, pois esse dom não compete a mim, e sim aos Deuses da Guerra, que os julgarão ao final dos corredores.
Não era isto que queria ser em tua vida; ser um anjo negro que se move pelas sombras, e pela escuridão consegue se aproximar de ti apenas o suficiente pra sentir teu perfume. Gostaria de ainda ser aquele cavaleiro que defendeu tua honra tantas vezes em campo de batalha, e tantas vezes voltou ferido, e gravemente, mas que honrava cada gota de sangue que caia pelos meus braços e sumia pelo chão, onde brotava as plantas irrigadas pelo sangue dos guerreiros.
Mas o tempo passou, e eu fiz coisas que não deveria, por ordem do meu coração, ignorando a razão, e até mesmo os níveis que nos separam. Me apaixonar por ti já foi uma transgressão, mas que levarei comigo até onde eu for, e jamais renegarei o que fiz e o que sinto por ti. No entanto, o castigo me veio a trotes largos e profundos; alguns me chamam de bruxo, as vezes, ou de anjo do demônio, mas são apenas homens sem fé e que desconhecem tudo que sei, que fui, e que sou principalmente. Carrego comigo muitas coisas que trouxe dos porões dos aflitos, quando estive atravessando o inferno em busca da espada sagrada que me destes mas tive a incompetência de perdê-la em um duelo inútil. Mas isto hoje, dentro da minha limitação, me é de grande valia, pois são as sombras que me guiam, e é pela escuridão que ando, e ela me protege e me ensina a cada dia um pouco dos segredos da noite sem fim.
Com isso, sempre estarei dentro da tua vida, pois, lá no fundo da tua alma, há uma escuridão que tu não entendes ainda, mas que pode servir para me abrigar. Ninguém há de ferir-me, ou ferir a ti, enquanto eu estiver na escuridão da tua alma.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Paradigma

A flor da sabedoria nasce e cresce em qualquer tipo de local. Nunca ignores de onde vem as palavras.

O lado obscuro da lealdade

O sol da tua estrela ainda brilha em meio a esta vasta floresta sem fim, que é a minha casa e o meu abrigo. Aqui me sinto protegido, mas a todo instante me tentas a sair ao encontro de teu olhar.
Por mais misterioso que o vulto possa ser, a imagem é a concretização de uma idéia formada, conceituada e resultado final de uma concepção. Sei o que existe dentro e por detrás de cada sombra em meu caminho, pois meus passos são somente através delas, por isso o medo não habita mais minha alma. Mas me assusta a vontade de sair por onde a escuridão não consegue me alcançar, para ir atrás da chama da tua alma. Chama esta que entra em meu coração como uma lança pontiaguda, que rasga meu peito em uma dor enorme, mas que me dá plena satisfação em saber que é por ti, dama dos meus sonhos mais obscuros.
Na eterna guerra dos sentidos que domino, vejo o que te cerca e teus súditos a cumprimentarem-se dignamente, dia-a-dia, como um ritual. Tua corte passa diante de ti todos os dias, várias vezes, e tua guarda real está ali, sempre imóvel e imponente, a te proteger a qualquer custo não importa a que hora.
Malditos desgraçados sejam todos eles. Eles te traem, sem que tu saibas. Vejo pelas sombras deles próprios o verdadeiro sentido da falsidade que demonstram; querem tuas conquistas e teus tesouros, e para isto não temem te atacar, pois todos conspiram contra ti.
Teus guardas te trairão, serão desleais à tua coroa pela promessa de uma terra mais rica e poderosa; promessas que não sabem que são em vão, pois essa terra que tanto querem já é deles, e isto eles não sabem. Tua corte, que hoje te corteja em cerimônia tão sublime, quer teu trono e teu cetro; querem o governo sobre teu povo e sobre tuas posses. Pobre do teu povo, que lá fora, não faz a mínima idéia de que há tantos traidores entre eles, e dentro de teu castelo real. Povo que irá sofrer muito nas mãos destes doutores da lei e da guarda, enfermos de honra e lealdade.
Quando tudo acontecer, só haverá falta de esperança por parte do teu povo, e nenhuma hierarquia será respeitada em teus domínios.
Infames, que agem como cobras no deserto, traiçoeiros e prontos para dar o golpe fatal sobre ti, dama da minha eterna felicidade.
Sei que não posso sair para fazer nada agora, pois está claro demais e não veria o caminho pelo qual estaria andando, nem tampouco meus inimigos. Seria um alvo fácil em uma batalha perdida. Mas nem tudo está entregue, embora eu conheça o futuro como ele se mostra agora. Ainda tenho algumas noites antes que te tirem a coroa, e te humilhem perante teu império; essas noites serão minha glória e minha redenção por todo o mal que trouxe para ti, tentando fazer-te acreditar em algo que não existe para ti.
Noite após noite, derrubarei um a um de teus inimigos, de tua corte, de tua guarda, pois nas sombras não sou visto, e minha espada sagrada passa despercebida pela escuridão.
O inferno está reservado para os desleais, e faço questão de enviar um a um pessoalmente para lá, pois querem o mal a quem dou minha alma por um sorriso.
Mesmo que ao fim, já seja dia e o sol me consuma e me reduza a cinzas eternas, entrarei em sono profundo feliz por saber que deixei teu reino livre dos traidores que te cercam, e que farás teu povo prosperar nas ricas terras que tens em teu império.
Repousas em silêncio agora, pois não quero que te canses com meu discurso áspero desta vez, e peço-te perdão pela insolência da minha parte em tomar esta batalha para mim, em nome de vossa majestade. Mas, servir-te és minha honra e meu dever, que foram cravados em minha alma à ferro e fogo, para que nunca mais seja esquecido o laço que me prende a ti; sirvo-te com carinho e dedicação, mas quando necessário, com rigidez e determinação, e levo à morte aqueles que se atrevem a se opor a teu reinado.
Sei que, mesmo não sendo um anjo de luz em tua vida, tenho minhas asas que, mesmo negras, me levam até o céu dos guerreiros que lutam pelo amor; amor de uma dama com honra sem precedentes, uma dama cuja beleza é inquestionável e a delicadeza está estampada em seus olhos lindos cor de mel.
Deixe-me ter a honra de ser teu fiel guerreiro na noite mais escura da alma, pois pelo corredor das sombras saberei te conduzir ilesa e intocada, mantendo-a em teu trono no mais alto das pedras, onde nenhum homem mais conseguirá te alcançar. Apenas ouvirão tua voz, soando como um trovão sobre teu império, garantindo a paz suprema e a ordem em cada gesto de cada pessoa.