Poesia Gótica + linguagem moderna = Poesia Paralela
Poesias que fluem da alma, muitas vezes sem explicação, mas muitas vezes delimitando o caminho
Poesias que fluem da alma, muitas vezes sem explicação, mas muitas vezes delimitando o caminho
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
A eterna noite da vida, ou da morte...
Estar à frente de batalha, em meu corcel negro, lança nas mãos, arco e flechas nas costas. Posso sentir o ar quente da respiração do meu cavalo em meus braços, quase congelados pelo frio que vem de dentro da floresta. Continuamos na espera do sinal; nosso batedor seguiu à frente para nos indicar o caminho, e nos mostrar a melhor posição para o ataque, e aqui estamos. Não estou no comando por hierarquia nem por declame do rei, mas estou no comando de coração, e não tenho medo de ser o primeiro a entrar nesta floresta com meu corcel e minha lança, escudo nos braços, porque sei melhor do que qualquer cavaleiro aqui o motivo de nosso ataque. Na verdade nosso ataque é nossa defesa; nos foi tirado o que tínhamos de mais precioso, e na condição de cavaleiro, acredito que me foi tirado a jóia mais rara não só do reino, mas de toda a terra.
Nos foi tirado nossa princesa, em uma emboscada pelo campo, onde a guarda real falhou pois não estava preparada para um ataque tão maciço. Me foi tirado a inspiração que move meus pensamentos e enche meus pulmões de ar; me foi tirado a minha vontade de continuar vivo. Sei que ela nunca será minha, afinal, és nossa princesa, e eu, apenas um dos cavaleiros da guarda real, que nem mesmo posso mostrar meu rosto à ela. Estamos todo o tempo de armaduras, e com os rostos tampados por uma máscara de ferro; somos a força do reino, somos o braço forte da justiça do rei.
Apenas os cavalos se mexem, em pequenos movimentos também, controlados por nós. O menor descuido nos revelaria ao inimigo, e colocaria nossa princesa em perigo eminente. O frio vai sumindo aos poucos do meu corpo, e meu corcel respira mais rápido, fica mais agitado. Parece que está pressentindo algo, e eu começo a sentir meu corpo se incendiar por dentro, e aperto a lança com mais força a cada instante. Nem dez homens tirariam a lança de minhas mãos agora. O momento deve estar chegando.
As folhas de dentro da mata balançam; nenhuma tocha acesa conosco. Somos a escuridão agora, personificada em nossos pensamentos e em nossos atos, que irão se completar em instantes, assim que invadirmos o povoado, incendiarmos as casas, matarmos os guardas e retomarmos nossa princesa de dentro da cela dos rebeldes.
Começa a ventar, e o frio volta novamente, mas só arde minha pele pois minha alma está em chamas; estou a um passo de ter a chance de ser o herói que tirará nossa princesa de lá, e talvez assim ela permita que eu retire minha máscara perante a corte. Não existe nem existirá nada tão importante quanto isto; um cavaleiro ser reconhecido pela corte. E talvez assim, ela, minha eterna dama dos meus sonhos me veja com sua alma, e não apenas com seus olhos. Minha vida é pouco para oferecer-te em troca de um minuto olhando tua face, linda e esplendorosa, com teu sorriso lindo que me encanta e me sufoca, me mata e me dá vida ao mesmo tempo.
Só se passaram alguns minutos, mas parece que já estamos parados aqui há dias; este silêncio estranho da noite me encanta, mas revela meus medos também. Estou vendo toda minha vida se passando em minha frente agora. Pode ser que eu morra hoje, sem ao menos conseguirmos atingir nosso objetivo, e não posso descartar esta possibilidade. Sei que vários de nós ficarão hoje aqui, no campo do inimigo, com uma lança fincada no peito, mas com o orgulho de ter lutado pelo que acredita.
E quanto a mim; vale a pena colocar numa balança de contra-peso a minha vida por um sonho que talvez nunca aconteça? Talvez esse futuro seja apenas um esboço de um passado que nunca existiu, pois já estive tantas vezes em tua frente, mas não podia nem sequer erguer o braço para tirar a máscara de ferro. Seria desonra.
O vento pára novamente, e sentimos um calor estranho na mata.
O batedor voltou, com uma tocha acesa, fazendo movimentos em círculo. É o sinal; é o momento de invadirmos.
A trotes largos saímos, com uma lança em uma mão e a alma na outra. Estamos indo, princesa, temos várias vidas para trocarmos pela tua.
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