Poesia Gótica + linguagem moderna = Poesia Paralela
Poesias que fluem da alma, muitas vezes sem explicação, mas muitas vezes delimitando o caminho

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Paradigma

O mundo, ou as pessoas, conseguem destruir nossa vida todos os dias em apenas um segundo. Mas nós somos capazes de reconstrui-la novamente, todos os dias, mesmo que seja no alicerce de um sonho que não se realizou.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Paradigma

Não existe uma definição que seja sempre correta para o que é trevas e o que é a luz. Depende do âmbito circunstancial no qual é analisado. O que é luz na tua vida, pode ser as trevas da minha.

A vida regida por um relógio

A vida parece que passa mais lentamente agora; enquanto havia uma expectativa maior de que eu conseguisse conquistar teus sentimentos, meu coração sempre estava acelerado, mas agora, ele segue ritmo lento e compassado, como um relógio de parede, com os ponteiros tortos. Não dá pra saber ao certo a quanto tempo estou aqui, nem que horas são agora, nem mesmo quantos dias estou assim. Já perdi completamente a noção de tempo e espaço.
Queria eu ter a calma, a paciência e a sabedoria acumulada pelos anos quando eu tinha uns 10 anos a menos... eu saberia mudar muita coisa na minha vida. Coisas que estão atreladas hoje a laços tão apertados que é difícil até encontrar as pontas desta corda.
É incrível como nós nos apegamos ao conceito de tempo, tipo “mas já ? “, ou tipo “ainda não ? “. Estamos sempre nos condicionando ao tempo. Até onde o tempo pode nos levar???
A única coisa que o tempo consegue fazer é provar com convicção todas as hipóteses da vida, mas isto, assim como tudo mais na vida, leva “tempo”... Então, porque nos preocupamos tanto com o fato do tempo estar passando muito rápido, ou muito devagar? Claro, visto de nossa perspectiva.
Passei tanto tempo preocupado com “quando será que vai chegar o momento em que você irá partir “, que não vivi sua presença, não me entreguei de alma ao sentimento mais lindo e profundo que senti, e sinto. O problema de conhecer as linhas do destino é este; você está sempre preocupado com “quando” algo vai acontecer. E isto consome tanto tempo de nossas vidas, que esquecemos que o único instante em que se é possível viver é o presente. O passado, já foi. Não tem como consertar. O futuro, ainda não chegou; precisa ser construído ainda. Porque você insiste em viver em época errada???
Tu sabes que isto não te levará a nada, mas mesmo assim insistes em vedar os olhos para o que te cerca, e só vês o que te és importante por conjectura. As relações amadurecem, mas o problema é que muitas vezes nos acomodamos com isso, pois é bom estar estável. Mas, estamos felizes ?
A felicidade é uma eterna roda, que gira sem parar, e você vai pegando os pedaços dela à medida que ela passa por você. Mas se estás desatento neste momento olhando teu passado ou teu futuro, ela passa sem que notes, e perdes assim pedaços muito importantes de tua felicidade. Uma vez perdido, não se encontra mais.
A vida me ensinou nos últimos tempos a ficar calado; quieto, nós fazemos menos estragos, e também aprendi a não chegar tão perto da realidade de ninguém, pois sempre que isto acontece, vem junto o peso do karma da utilização de um dom em momento errado e para fim errado.
Aprendi com meus erros; por isso digo que sou um dicionário daquilo que não se deve fazer. Faças exatamente o contrário de mim, que estarás fazendo o certo. Eu não sei lidar com o poder que alcancei, e isto me leva à tortura todos os dias da minha vida. Vejo que não sou digno daquilo que tenho, dos presentes que meu Mestre me deu, mas mesmo assim não sei porque recebi tanto se fiz tão pouco. Nossa mentalidade é muito limitada para entender certas coisas que estão além da nossa existência.
Sofro pela distância que nos separa hoje, minha dama dos olhos cor de mel, inspiração eterna da minha vida e da minha morte, e da minha transição entre elas. Mas sofro com dignidade, pois ao menos não destruí tua vida, como tinha receio que acontecesse. Não gostaria que esquecesses de mim, mas a distância tudo dificulta. Pela distância, até as palavras de distorcem, e acabam chegando com menos intensidade que a usada no momento da escrita.
Amar é um verbo que se conjuga apenas no presente, porque se ele está no passado, não foi verdadeiro e eterno, e se está no futuro, não deve ser conjugado pois o futuro não nos pertence. Ou tu amas, ou não amas, apenas isto.
Eu amo, a minha única dama, dona dos labirintos escuros que escondem meus infernos e minha psique. Somente ela tem a chave, somente ela pode abrir.
Quando?
Não sei; depende muito de como está o relógio dela hoje. O meu está com os ponteiros tortos, estou sem diretriz e sem balizamento; espero que o dela ao menos esteja trabalhando no compasso correto, pois isto garantiria um reencontro num futuro.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sombras de um passado que não existiu

A calmaria e a mansidão dominam neste momento minha alma. Já estou há tanto tempo nas sombras, que não existem mais segredos nela que eu não conheça; aqui me sinto em casa, minha casa, meu abrigo, minha morada.
A adaga que foi fincada em meu peito já não dói mais tanto como antes; apenas me incomoda o fato dela estar lá; não tem como esquecer um pedaço de mim, da minha vida. Por isso, sigo caminhando, eu e a minha tristeza. Ela é minha companheira, doce e amarga tristeza, que está em cada passo que dou e em cada decisão que tomo, fazendo da minha vida um mar de encantamentos negros, onde os milagres acontecem enquanto todos dormem, para que ninguém os veja e nem me vejam.
Sou uma sombra no escuro vazio da noite; vago sem rota e alheio a tudo o que me cerca, senso de direção nenhum. Hoje o infinito realmente me parece não ter fim, pois onde não há probabilidades, não há fim, apenas começo, e assim começo um destino que me castiga e me pune, e que não traz em si horizonte nenhum. Por mais que eu me esforce para ver algo ao longe, só vejo escuridão e neblina, fumaça negra que se espalha pelos rios que cortam os pântanos onde plantei minhas idéias e lancei âncora, acreditando que poderia mudar aquilo que não existia. Se algo ainda não existe, porque então eu não poderia mudar?
Tentei, mas minha mente é tão escura que não vi o óbvio. O mundo é tão diferente da força que corre em minhas veias que não existem meios para que eu prove algo para ninguém; seria necessário ter fé. Mas, como ter fé em algo que sempre parece tão absurdo e inaceitável para quem encontrou um parâmetro dentro da sociedade que lhe coube por completo?
A visão, o conceito e os padrões que já se estabeleceram na sociedade, já foram aceitos e não é apenas uma sombra que vai conseguir mudar alguma coisa; sigo apenas um filosofia diferente, mas que está fora do contexto atual, e que as pessoas taxam de “anormal”. A questão é, e se eu estiver certo? Quem e quantos então serão os “anormais”?
Mas, não vale a pena perder tempo com questionamentos; eu tive a felicidade por tempo suficiente para que eu nunca mais a esqueça, e isto já é luz suficiente para clarear qualquer escuridão. Enquanto as lembranças não morrerem, a luz não se apaga. Não sei se algum dia vou conseguir esquecer. É mais forte do que eu.
Siga-me, solidão implacável, tristeza amargurada pelo tempo, curtida pelo envelhecimento que sofres junto comigo; ao contrário dos vinhos, quanto mais tempo passa, mais amarga ficas, e desta tristeza me embriago todos os dias, dormindo ao acordado, enquanto te espero numa única súplica que te dirijo, pois perdi tua confiança de tanto pedir-te desculpas pelos meus erros.
Minha bagagem, tantos sorrisos teus e tantas palavras que ouvi de tua boca, que dentro do mais sombrio desfiladeiro da minha alma trago a tua luz, que por menor que possa parecer, ilumina qualquer lugar que vejo. Sombras das manhãs, sombras das tardes, sombras das noites, sombras da madrugada; decifra-me ou serei teu senhor para sempre, pois já decifrei-te há tempos, e agora és tu que se escondes de mim para não me olhar nos olhos, pois verias teu reflexo sem nenhum segredo.
Nas sombras do destino nasci, pelos corredores escuros fui criado, alienado da sociedade por não me ajustar a ela, no escuro me formei, sem que ninguém me notasse, e hoje na obscuridade trabalho, caminho e vivo, fazendo da minha experiência neste lado sombrio o exemplo daquilo que não deve ser feito, pois conheço as decisões erradas.
A vida é fria e desconfortável, quando é isto que você escolhe para ela; mas o magnetismo que esta situação tem me atrai, me faz pensar de forma mais clara, por incrível que pareça, e andar por estes campos de almas perdidas não me tira a concentração.
Hoje eu tenho uma armadura mais forte, pois eu descobri o que é amar de verdade, única e verdadeiramente, e se esse amor me mantém na escuridão, é porque é para que eu fique aqui, por mais tempo. Por isto não ouso tirar a adaga de meu peito; és a prova concreta de que fui marcado por ti.

Paradigma

Às vezes, para sermos felizes, temos que fechar os olhos para muitas coisas, pois aquilo que se vê nada é comparado àquilo que se sente.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Paradigma

Muitas vezes, pensar já é um ato de coragem. Falar então, é um ato de loucura. Quem disse que o silêncio não contrói???

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Paradigma

Tuas palavras são reflexos da tua vida. Falas em tristeza porque és uma pessoa triste; falas em escuridão pois tua alma tem sombras.

Um primeiro passo no vazio

Saí a te procurar hoje, como de costume, mas tu não estavas mais lá. Por alguns instantes, fiquei a contemplar teu posto de comando, como se ainda residistes ali, mas na verdade não havia mais nenhum indício de que havia deixado algo para trás.
Sei que não poderia estar muito longe, pois faz muito pouco tempo que te vi pela última vez; então comecei a procurar-te por todos os lugares onde costumas ficar.
Busca em vão; por mais que eu me esforçasse e fosse incessante, nada consegui encontrar de teus rastros. Olhei por todos os cantos, inclusive por sob os raios de sol, mesmo me expondo à dor do sol em minha pele, mas não a vi em lugar algum.
Fiquei apreensivo por um bom tempo... Será que abandonastes realmente tuas terras e tuas conquistas aqui, como eu havia te pedido? Ao mesmo tempo, sinto uma sensação de alívio, por dever cumprido, mas sinto um vazio que me devora, pois agora não me resta mais nada nem ninguém que me ligue à este lugar.
Não tenho mais teus olhos para ver, não tenho mais a doçura das tuas palavras em meus ouvidos, nunca mais verei teu sorriso lindo e resplandecente, e o calor que sentia toda vez que estava perto de ti ? Onde estás, dama da minha vida, eterna inspiração de olhos cor de mel ? Me abandonastes mesmo, como eu já havia previsto?
Algumas coisas nunca mudam na nossa vida; nasci confinado no silêncio, e por mais que eu tenha lutado e ainda esteja tentando falar, não consigo, e acho que não será nesta vida ainda que conseguirei ser ouvido. Alguns nascem para ser úteis, outros nascem para usar essa utilidade. Que cada um cumpra sua parte na construção deste futuro.
Tudo volta a ser instável, incoerente, e racional demais. A maior loucura do mundo, é usar a racionalidade acima dos sentimentos; a racionalidade se baseia em coisas que já aconteceram, já foram comprovadas cientificamente, e todos usam isso para o balizamento de suas vidas, do que é certo ou errado, do que se deve ou não fazer. Mas, e quanto à tudo o que não se descobriu ainda à respeito da nossa existência, onde fica isso???
Estamos condenados a continuar nossa marcha errante e lenta, com um passo pra frente e dois para trás, pois toda vez que encontramos um obstáculo, ou algo novo, queremos explicá-lo racionalmente. Mas, e se não temos uma explicação?
Então desconsideramos, mudamos nossa rota, e desviamos daquilo que estava em nosso caminho. É bem mais fácil conviver com aquilo que sabemos explicar, do que nos lançarmos naquilo que ninguém ainda conseguiu explicar e viver isto com toda intensidade de nossas almas.
Até hoje me lembro de algumas coisas que aprendi em Psicologia. Freud dizia que o ser humano vive em função de três funções básicas: sobreviver, procriar e formar comunidade. Acho incrível, como até hoje, tanta gente leve isto ao pé da letra. Na minha opinião, Freud não estava errado, ao contrário, estava muito certo. Mas esta teoria abre tantas possibilidades, que realmente ela se comprova. Mas nós mesmos nos limitamos ao primeiro degrau de cada instinto, e vivemos apenas aquilo, e não abrimos o leque de alternativas contidas nesta teoria.
O que devemos, em forma simplificada, é viver de forma conseqüente.
Viver conseqüentemente não significa buscar e céu e evitar o inferno a todo instante de nossas vidas, mas sim, fazemos de cada ato nosso o céu para os outros, e nada mais.
Será que estamos prontos para isto?
Tenho feito muito disto ultimamente, mas a dor que isto me causa não há como explicar. É uma ferida aberta que queima todo o tempo, que arde a alma como um braseiro. Se vale a pena?
Olhe para o sorriso lindo de uma dama dos olhos cor de mel; olhe para o sorriso sincero de um menino que abre seus braços quando me aproximo. O prêmio está aí; ver quem você ama feliz, é o maior prêmio e a maior recompensa de um esforço que não nos beneficia de forma direta. Fazemos sem nos importarmos conosco.
Sofro pela falta do teu sorriso, que já não vejo mais, mas sei que ele ainda continua existindo, e esta certeza é agora a minha felicidade.
Este é apenas um primeiro passo neste enorme vazio que se formou a minha frente, onde não vejo mais nada para ter como objetivo. Apenas ouço o silêncio.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Paradigma

Quando você se cala perante uma situação, você está sendo conivente com a pior possibilidade. Em qualquer questão que gere dúvidas, o silêncio sempre conta para o lado negativo. Se você tem algo em mente, fale e defenda sua opinião. O mundo já tem muito podre para que nós fiquemos calados perante tudo.

Que se fechem as cortinas

O show acabou; as cortinas se fecharam e o espetáculo da vida movida por um amor, se encerrou. Pelo menos é a imagem que vai ficar; como toda peça que termina, se há um final triste, será para sempre.
Não houve aplausos, nem palmas, nem gritos. Apenas silêncio. Absoluto e total silêncio na platéia.
Talvez não fosse este o final que estavam esperando, na verdade, nem eu mesmo estava esperando que fosse assim, mas como todo bom espetáculo, os capítulos não são revelados antes da filmagem, para que nada escape do roteiro escrito pelo destino.
O destino escreve sua peças com uma caneta muito pesada, que marca as páginas de nossas vidas, e não tem como apagar para tentar reescrever; sempre ficarão marcas do que já foi escrito, e feito.
É difícil entender, e explicar também, mas o abismo que se formou à minha frente é muito maior do que eu esperava; não tem como fazer de conta que ele não existe e pular por cima, e eu ainda não aprendi a caminhar pelas nuvens.
O mundo segue seu ritmo, sem paradas nem inércia, para que possamos pensar em tudo o que aconteceu e em tudo que fizemos. Se ficamos parados, o futuro nos esmaga e ficamos largados pelo chão, se corremos em seu próprio ritmo, acabamos por tomar decisões erradas e em fluxo descontínuo até o ponto em que perdemos totalmente o controle daquilo que somos ou fazemos.
Uma parte de mim está sendo retirada, e é claro que isto é doloroso e não vai ser fácil superar e aceitar que não terei algo que nunca tive.
Meus instintos aceitam a realidade, mas minha alma não. É uma situação tão retrógrada que acaba gerando sua própria fermentação pela estática em que se encontra, e como tudo fermentado, se não for feito um desfecho em tempo certo, se perde todo o conteúdo. E o tempo chegou, e tu farás uso daquilo que há anos está elaborando dentro de ti.
Mesmo sabendo que, por um tempo ao menos, tu ainda irás se lembrar de mim, sei que no futuro serei apenas uma lembrança chata que vez ou outra passará pela sua mente, como um sussurro “que maluco aquele cara... nada a ver “. Mas eu não sairei daqui; aqui as minhas palavras dominam, e aqui elas tem liberdade para se expressar, e aqui permanecerei por todo o sempre. Ou enquanto não me jogarem para fora.
Nem tudo depende de mim... ainda bem, senão, com minha enorme imperfeição imagine só como seriam as coisas... Ridículo.
Acredito na reação da platéia, acredito no silêncio que domina agora o palco, onde ando de um lado para o outro enquanto todos vão embora, inclusive você, protagonista principal desta peça. Todos tem para onde ir agora, mas eu não, pois neste palco construí esta peça, coloquei nela toda minha vida e toda minha inspiração, e, sem você, não existe mais o que apresentar. O diretor me cobra o porque deste desfecho, o porque da reação da platéia ( ou melhor, da não reação ), e principalmente, como consegui perder a estrela da peça. E minha resposta é a mesma para as três perguntas: não sei.
Perdi a essência da apresentação na metade do percurso, e acabei gerando novas linhas no roteiro e a peça mudou de sentido, de direção, e o final se antecipou e surpreendeu o diretor, que agora me cobra o que eu fiz, ou deixei de fazer. É difícil admitir, mas sei que o erro foi somente meu; quando era para acreditar, fui incrédulo, e quando tudo foi brincadeira, acreditei como se minha vida dependesse disto.
O resultado, foi que hoje estamos no fim, no último degrau da escada descendente, e abaixo disto só existe o que há debaixo do palco; nada. Apenas a estrutura de algo que não conseguiu se materializar. Ou seja, a estrutura é ruim. É aqui que vou ficar trabalhando pelos próximos tantos anos, que não sei quantos, preparando novamente a estrutura, para que, quando chegar a hora em que novamente será apresentada aqui a peça da minha vida, eu realmente esteja pronto para seguir o roteiro, sem interferir.
De ti, dama da minha vida, minha eterna inspiração dos olhos cor de mel, me despeço com o coração partido, e as mãos lavadas em lágrimas, que já não sei a quanto tempo estão aí. Sei que um dia voltarás, e até lá, me alimentarei dos sonhos que tive, e que nunca existiram.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Paradigma

Destrua teus objetivos, e nada mais te restarás na vida.

As últimas vozes

O som da incapacidade; meus ensaios de antigamente. Dentro do palco, eu apresento o fim.
A mim mesmo dedico estas palavras, pois eu acho que tudo acabará amanhã.
E minha alma está impaciente; para se preparar para este ato final, ela treme.
As vozes que vem de dentro dos tubos, minhas reflexões do futuro, as últimas vozes.
Os ecos das atitudes que não tomei e o medo da realidade que não vivi percorrem minha mente, o tempo todo, todo o tempo, e fico assim, aficcionado na mesma idéia de concepção.
Vejo guerras que começam, vejo mortes que se lançam sobre tantas pessoas, vejo a dor de tantas almas perdidas nos corredores sem fim das lamentações. Vejo demais, e este agora é o problema. Não sei se quero mais isto para mim.
Mas não tenho mais escolha.
Rastros encontrados na floresta; tentando buscar uma última esperança que resta. Fugir, escapar de quem a persegue, pois ele é impiedoso e cruel, e não terá clemência diante de ninguém. Erga teu rosto, trace sua direção, e siga, enquanto os rios ainda não invadiram suas terras, que em breve não serão mais tuas, pois as águas tudo levarão, deixando apenas as lembranças do que um dia não aconteceu.
Não segures em tua mão mais do que aquilo que realmente precisas; não leves contigo bagagem que se tornam apenas peso, pois não terão real utilidade. A vida e a morte são para serem vividas em sua totalidade e apenas com aquilo que precisamos, nada mais além disto. Levar consigo coisas que não nos fazem felizes, nos manterão presos à algo que nunca existiu, a não ser na mente insana de alguém inconseqüente e que sente prazer em viver em seu próprio inferno astral. Inferno este, que ele alimenta com as madeiras de sua vida, com a própria experiência que ele adquire dia após dia, como se isto fosse levar a algum lugar.
A provação está perto do fim, e sinto o vento gelado da distância e principalmente do silêncio se aproximando a passos largos, e aqui se instalará permanentemente, criando uma atmosfera fria, mas realista. Ao menos assim poderei viver sem sonhar, afinal, do que me serviram os sonhos até hoje ?
Quando tive oportunidades, deixei meus sonhos pela metade; quando raramente eles se completavam, tive medo de vivê-los. Não mereço outra realidade a não ser esta paralela que criei, e vivo nela, pois para um desajustado existe uma realidade desajustada também.
Sinto o vento da impunidade me empurrando, como se eu não tivesse culpa; mas todo predador tem culpa, assim como toda presa também. Do mesmo modo toda presa é um predador e todo predador é uma presa, então, onde há um deles, há culpa. Só a impunidade resta, pois é a forma que a vida encontrou para justificar tudo.
Não tenho nada para justificar para ninguém, pois coloquei toda minha vida em tuas mãos, na hora errada e no local errado. Existem coisas que só acontecem uma vez na vida; talvez agora, só na morte.
O tubo entre a vida e a morte é um dualismo; se você atravessa, tem um mundo. Se você fica, tem outro. Mas se você ficar no meio, vê os dois, mas não toca em nenhum. É um privilégio ver o que ninguém mais vê, mas também é um castigo não poder tocar em teus cabelos nunca.
Palavras que se perdem, pensamentos vazios de significado, transição entre o real e o ilusório ( ou o contrário ). As idéias mudam, mas as maquetes não. Você coloca suas coisas para viverem de outro modo, mas não percebe que a maquete é a mesma; só mudaram as referências. De qualquer forma, você continuará batendo o tempo todo contra os mesmos pilares e as mesmas paredes, e não vai perceber isto.
Isto deveria esclarecer a direção, mas percebo que no fim do caminho não existe resposta, apenas outra pergunta. O caminho não tem um fim, mas apenas fases para percorrer; nunca ocorrerá o estático completo, nem mesmo se existisse um “fim”.
Algumas passagens são simples, fáceis, outras são difíceis, dolorosas, mas todas são passíveis de percorrer e levam ao mesmo lugar: outra pergunta, e outro caminho.
Movimento sem volta, sem parada, sem nada que te prenda a qualquer coisa. Qualquer ligação que você faça, será desfeita pelo caminho; pode não ser hoje, mas pode ser amanhã, depois de amanhã, no próximo ano, mas um dia chegará o momento.
Minha mente roda, as vertigens aumentam, e as vozes aos poucos vão sumindo, caindo num poço sem fundo de onde nem os ecos saem.
Talvez haja algo depois que elas passarem; talvez não. Talvez seja apenas a chegada do silêncio novamente. Meu velho amigo, o silêncio.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Paradigma

O que chamamos de "céu " e " inferno " é separado por uma linha tão fina, que muitos demônios voam em nosso céu, assim como muitos anjos andam por nossos infernos.

Depois do ponto final, uma linha em branco

Hoje o dia amanheceu frio o chuvoso; estaria perfeito para mim, se a cada vez que eu olhasse pela janela não fosse remetido à uma lembrança que agora apenas chora, na forma destas gotas que caem do céu, pois hoje meu céu se partiu ao meio. Metade dos meus sonhos foram embora, e a outra metade não tem mais sentido.
Achei que esta sensação fosse passar do dia para a noite, como dizem, mas é muito mais forte do que eu; apenas sinto isto aumentar em grandiosidade dentro de mim. Não é preciso ser sábio para saber quando uma coisa vai dar certo ou não; muitas vezes é apenas uma questão de lógica, mas para quando não queremos acreditar na lógica, podemos usar meios mais “estreitos” para isto. Mas o resultado nem sempre é aquilo que queremos, aquilo que esperamos, e isso só nos vai decepcionar mais ainda. Porque aí teremos a certeza que gostaríamos de não acreditar.
Sinto falta das tuas palavras, sinto falta de ouvir tua voz, e hoje, sua falta da tua presença. Não que um dia estivesses assim tão próxima de mim, mas hoje o abismo que se abriu aqui não tem início nem fim. Não me sinto mais a vontade para conversar com as pessoas, porque sinto que falta algo em mim que dê sentido à tudo o que eu disser.
Sei que para você isto não faz nenhuma diferença, mas também confesso que não esperava nenhum “milagre” nesta história toda. Realidades paralelas, futuro paralelo.
Nunca estarei perto de ti da maneira como sempre quis, assim como tu nunca irás querer minha presença por perto pois isto te incomoda. Eu entendo, mas vou precisar de mais tempo para aceitar aquilo que obriguei o destino a cumprir.
Um dia desses tive uma recordação de alguém do passado; foi muito rápido, mas foi como uma viagem. Vi algo que me faltava, e que está em algum lugar do presente mas distante de mim, mas não distante o suficiente para que eu não sinta. Mas talvez, depois de tudo que passei, tenha aprendido alguma coisa, e desta vez seja menos estúpido como das outras vezes. Tudo tem um tempo na vida, e este tempo atual não é para mim, definitivamente.
Alguns tijolos que formavam meus alicerces foram retirados, e agora me encontro totalmente instável e posso cair a qualquer momento. O tempo agora parece que não passa mais; está totalmente parado, imerso na chuva que cai lá fora, e nas lágrimas que insistem em correr pelo meu rosto, me impondo o preço por ser um falso sábio.
Algumas pessoas acham que o mais importante é que todos acreditem que você sabe, pois isto constrói seu perfil. Mas eu discordo; não dá para viver tanto tempo neste mundo ilusionista formado só de aparências, sem uma base real. Eu não sou ilusionista, e não sei viver assim por muito tempo; fazer com que as pessoas acreditem que você tem a resposta para tudo acaba te impondo um preço muito alto no final, quando todos descobrem que aquilo que elas tinham como crença, nada mais é do que o “normal” e o “formal”. Afinal, o que você é se não se diferencia em nada de tudo o mais que já existe no mundo ?
Você é apenas mais um... Mais um que vive de aparências.
Algumas pessoas nasceram para viver ao sol, pois já tem sua silhueta moldada e construída sob o conhecimento adquirido, mas outras precisam das sombras para ficar por aqui, andando de um beco até outro, se locomovendo sem serem vistos, e às vezes só serem lembrados por aquilo que trouxeram da escuridão. Conhecimento. Conhecimento e imparcialidade. Mas dói muito ser um instrumento do destino e não ser lembrado em nada mais; isto te torna apenas útil, as vezes, enquanto que muitos são lembrados por trazerem alegria. O máximo que conseguimos é trazermos respostas, mas nem sempre elas fazem alguém feliz; elas se limitam à verdade, e nem sempre as pessoas estão prontas para saberem a verdade naquele momento exato.
Fico triste, muito triste, em saber que continuo sendo apenas mais uma sombra, como sempre fui, e que vou continuar sendo apenas um instrumento do destino, mas não posso reclamar; a escolha foi minha.
Talvez, quando eu escolhi, não tivesse idéia do fardo que esta realidade iria me fazer viver, mas uma vez dado um passo nesta direção, não existe volta.
Hoje te perdi, amanhã irei te perder novamente, e assim dia após dia te perderei, para sentir o gosto amargo da derrota imposta por um sonho que apenas comecei; quando escolhi o caminho do amor para chegar ao conhecimento supremo, não esperava te encontrar tão cedo, mas acredito que em tudo existe um propósito. Talvez tudo tenha acontecido para me mostrar o quanto leviano sou e o quanto inconseqüente tenho sido em minha vida, sempre começando as coisas, mas nunca terminando nada.
Esta é minha sina; começo tudo, nunca termino nada.
Ao menos isto me traz uma esperança; comecei a te perder, e te perderei todos os dias, mas como tudo o mais, não vou terminar isto. Ou seja, nunca irei te perder completamente.
Assim sendo, vou e volto, num mesmo movimento repetitivo, como a chuva que continua a cair, e insiste em me lembrar que continuo chorando enquanto escrevo.
Até quando ?
Boa pergunta. Se eu nunca termino nada, talvez nunca pare de chorar por ti.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Paradigma

Quando uma porta se fecha em sua vida, outra está se abrindo. Sonhe grande, mas não exagere; brincar de ser um deus precisaria de uma porta "bem" grande.

Ponto final

Da rosa mais linda do jardim retirei apenas os espinhos; das plantas carnívoras da floresta retirei apenas o mecanismo predador; dos animais sombrios que insistem em continuar te seguindo arranquei apenas os dentes; de meu violão parcialmente desafinado extrai uma música; da rouquidão e da voz quase sumida em meio a tanto barulho, retirei apenas um último grito de despedida.
Tentei te ouvir tantas vezes; tentei me fazer de amigo tantas vezes, tentei estar ao teu lado tantas vezes. Por tantas vezes quis ser teu anel, para envolver teus dedos e estar sempre segurando tua mão; noite após noite sonhei com teu amor que nunca existiu, e me afoguei no mar dos teus olhos que brilham mais a cada dia que passa. Estive tão perto de ti, mas ao mesmo tempo sempre estive tão longe, que hoje não me restam mais muitas perguntas e nem tenho mais tantas respostas como um dia já tive. Sei o que acabou de acontecer, aliás, eu já sabia há muito tempo como e o que iria vir a seguir.
Choro, sem arrependimento por nenhuma das lágrimas que cobrem meu rosto, pois cada uma delas é uma reverência ao teu magnetismo e à tua majestade, que reina e sempre reinará em meu mundo sombrio e turvo. Não quero que a última lembrança que tenha de mim seja assim, chorando, mas não sei se esta será a última poesia que te escrevo; esforçarei-me para que não seja, pois hoje amanheci sentindo um vazio tão grande em minha alma, e um peso tão grande de um karma em minhas costas, que custo a acreditar que deixei-te escapar por entre meus dedos novamente, como se isso não tivesse a menor importância para mim.
Afinal, do que me serviu contos de fadas, histórias medievais, enfrentar meus demônios todos os dias em cada segundo que se passava, horas em frente a um teclado aprimorando meus dons em dizer a verdade sobre minha alma, se, em apenas uma palavra, derrubastes tudo? Aliás não foi uma palavra, foi a ausência de uma palavra. Tens usado o silêncio como a arma mais poderosa contra tudo o que sinto, pois o silêncio nada comprova, apenas delimita uma condição que não nos é favorável e que queremos que seja mudada o quanto antes.
Aquilo que o destino traça, com seu compasso que rasga nossas vidas se ousamos ficar em seu caminho, ninguém mais consegue mudar, e eu atravessei esse caminho para te ver mais de perto, e minha vida se rasgou por completo, e só sobrou retalhos de uma realidade que tende a ser meu futuro. Quando uma coisa não deve existir, e nós insistimos em criar, se não retrocedemos, ele mesmo se encarrega de nos afastar disto.
Agora, não restam mais alternativas de caminhos, nem de atitudes. O destino se cumpre, e eu caminho pelo deserto sem fim deste inferno pessoal que criei, seguido pelos fantasmas que trouxe de meu passado, e que levarei para meu futuro.
Sei que não sou digno de nem mais um sorriso teu, pois afinal, as coisas que escrevo já não tem importância em tua vida, pois de nada elas te servem. Por isto, hoje, transcrevo para o papel toda minha dor por te perder, por não saber mais onde estás ou o que estás fazendo, por não saber mais se estás feliz ou não. Dói, e muito, e desta dor é que brota minhas lágrimas sentidas, desferidas de meu peito.
Acredito que não exista nada mais que poderia me machucar mais do que este adeus, sendo ele um ponto final em uma história que nunca aconteceu; portanto não existem parágrafos, nem espaços, nem sublinhado. Apenas não começou, porque não era para acontecer. Eu acreditei em meu sonho mais lindo, tirei os pés do chão, e vivi com toda intensidade meus sentimentos; mas, agora que meu chão é tirado, entendo que nunca deveria ter me aproximado tanto de você, pois a única coisa que fiz por ti foi colocar em tua mente dúvidas e histórias muito difíceis de acreditar. Não era isto que eu queria para ti; só queria que fosses feliz todos os dias, e que eu pudesse te ajudar nisto.
Mas nem isto fui capaz de fazer. Fui apenas uma pedra em teu caminho. Mudaste a direção, e a pedra deixou de existir.
Assim como surgi em tua vida, a deixo com a esperança que não leves contigo a mágoa e a descrença que te causei, pois uma das coisas que jamais poderias fazer é deixar de acreditar no verdadeiro amor, mesmo não sendo eu.
O meu casulo se abre novamente, e me recolho para meu túmulo frio e úmido, repleto de fantasmas e lembranças doentias, coisas que não consegui fazer evoluir juntamente comigo.
Tudo tem um preço; e o preço por ter acelerado o tempo, é nunca mais te ver nem ter notícias tuas, e viver eternamente de lembranças do que não existiu.
Pago, hoje com lágrimas. Amanhã, talvez minha vida, para que você viva a tua.