Saí a te procurar hoje, como de costume, mas tu não estavas mais lá. Por alguns instantes, fiquei a contemplar teu posto de comando, como se ainda residistes ali, mas na verdade não havia mais nenhum indício de que havia deixado algo para trás.
Sei que não poderia estar muito longe, pois faz muito pouco tempo que te vi pela última vez; então comecei a procurar-te por todos os lugares onde costumas ficar.
Busca em vão; por mais que eu me esforçasse e fosse incessante, nada consegui encontrar de teus rastros. Olhei por todos os cantos, inclusive por sob os raios de sol, mesmo me expondo à dor do sol em minha pele, mas não a vi em lugar algum.
Fiquei apreensivo por um bom tempo... Será que abandonastes realmente tuas terras e tuas conquistas aqui, como eu havia te pedido? Ao mesmo tempo, sinto uma sensação de alívio, por dever cumprido, mas sinto um vazio que me devora, pois agora não me resta mais nada nem ninguém que me ligue à este lugar.
Não tenho mais teus olhos para ver, não tenho mais a doçura das tuas palavras em meus ouvidos, nunca mais verei teu sorriso lindo e resplandecente, e o calor que sentia toda vez que estava perto de ti ? Onde estás, dama da minha vida, eterna inspiração de olhos cor de mel ? Me abandonastes mesmo, como eu já havia previsto?
Algumas coisas nunca mudam na nossa vida; nasci confinado no silêncio, e por mais que eu tenha lutado e ainda esteja tentando falar, não consigo, e acho que não será nesta vida ainda que conseguirei ser ouvido. Alguns nascem para ser úteis, outros nascem para usar essa utilidade. Que cada um cumpra sua parte na construção deste futuro.
Tudo volta a ser instável, incoerente, e racional demais. A maior loucura do mundo, é usar a racionalidade acima dos sentimentos; a racionalidade se baseia em coisas que já aconteceram, já foram comprovadas cientificamente, e todos usam isso para o balizamento de suas vidas, do que é certo ou errado, do que se deve ou não fazer. Mas, e quanto à tudo o que não se descobriu ainda à respeito da nossa existência, onde fica isso???
Estamos condenados a continuar nossa marcha errante e lenta, com um passo pra frente e dois para trás, pois toda vez que encontramos um obstáculo, ou algo novo, queremos explicá-lo racionalmente. Mas, e se não temos uma explicação?
Então desconsideramos, mudamos nossa rota, e desviamos daquilo que estava em nosso caminho. É bem mais fácil conviver com aquilo que sabemos explicar, do que nos lançarmos naquilo que ninguém ainda conseguiu explicar e viver isto com toda intensidade de nossas almas.
Até hoje me lembro de algumas coisas que aprendi em Psicologia. Freud dizia que o ser humano vive em função de três funções básicas: sobreviver, procriar e formar comunidade. Acho incrível, como até hoje, tanta gente leve isto ao pé da letra. Na minha opinião, Freud não estava errado, ao contrário, estava muito certo. Mas esta teoria abre tantas possibilidades, que realmente ela se comprova. Mas nós mesmos nos limitamos ao primeiro degrau de cada instinto, e vivemos apenas aquilo, e não abrimos o leque de alternativas contidas nesta teoria.
O que devemos, em forma simplificada, é viver de forma conseqüente.
Viver conseqüentemente não significa buscar e céu e evitar o inferno a todo instante de nossas vidas, mas sim, fazemos de cada ato nosso o céu para os outros, e nada mais.
Será que estamos prontos para isto?
Tenho feito muito disto ultimamente, mas a dor que isto me causa não há como explicar. É uma ferida aberta que queima todo o tempo, que arde a alma como um braseiro. Se vale a pena?
Olhe para o sorriso lindo de uma dama dos olhos cor de mel; olhe para o sorriso sincero de um menino que abre seus braços quando me aproximo. O prêmio está aí; ver quem você ama feliz, é o maior prêmio e a maior recompensa de um esforço que não nos beneficia de forma direta. Fazemos sem nos importarmos conosco.
Sofro pela falta do teu sorriso, que já não vejo mais, mas sei que ele ainda continua existindo, e esta certeza é agora a minha felicidade.
Este é apenas um primeiro passo neste enorme vazio que se formou a minha frente, onde não vejo mais nada para ter como objetivo. Apenas ouço o silêncio.
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