Poesia Gótica + linguagem moderna = Poesia Paralela
Poesias que fluem da alma, muitas vezes sem explicação, mas muitas vezes delimitando o caminho

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Paradigma

A moda é ser autêntico. Se acham que você é esquisito, estranho, diferente..., até mesmo chato, então você está na moda. Seja autêntico, seja paralelo.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Paradigma

O que me faz diferente, é não aceitar o conceito de normalidade como base de construção moral e diretriz de evolução. Será que quem definiu a normalidade, naquele momento, estava normal? Tudo é flexível, até a "normalidade".

As mãos de um cavaleiro das sombras

Neste momento, sinto as lágrimas caírem por minhas mãos, escorrendo pelo meu rosto, rolando pelos meus braços até minhas mãos, já cheias de calos por estar a tanto tempo com este escudo e esta lança nas mãos, segurando-as com se fosse minha própria vida. Não há muito mais o que se fazer agora; já começa a amanhecer e a chuva que cai em meio a floresta molha meu rosto e se mistura às minhas lágrimas, que a cada uma que cai é como um prego fincado em meu coração. Frustração, sensação de derrota eminente, fracasso. A guarda real venceu, mas falhou. Assim como eu venci, mas falhei. Derrotamos todos os inimigos, e o que vejo agora são apenas restos das cabanas que pegaram fogo e ainda soltam um pouco de fumaça em meio a chuva, e corpos espalhados por todos os lados. Esta é a vitória; vingamos o rapto de nossa princesa. Mas a derrota pesa mais. Muito mais. Não conseguimos chegar até ela antes que a matassem, sem dó nem clemência. Apenas para nos atingir naquilo que somos mais frágeis; a guarda real nunca perde uma batalha. Continuamos assim, mas agora carregamos o fardo do fracasso naquilo que era mais importante; tua vida, minha princesa de olhos cor de mel. Do que me vale agora esta lança que ainda seguro nas mãos, e este escudo que já está no chão à minha frente, se eles só podem ferir, mas não podem te trazer de volta? Manter nossa honra fala mais alto do que tudo, mas não é fácil aceitar voltar sem o que viemos buscar. Não deixa de ser uma derrota, embora a corte entenderá os acontecimentos. Não era realmente possível salvá-la; sua condenação já era fato consumido e somente um pensamento poderia chegar até ela antes que tirassem tua vida. Meus pensamentos chegaram, mas ela não tinha como saber que eu estava lá, com minha alma. Vi seus últimos momentos, sua última agonia, e sua lealdade com seu povo antes que a degolassem. Vi tudo, de olhos fechados, num piscar de olhos enquanto meu cavalo se dirigia à aldeia. A dor assim se torna muito mais forte, e pode deixar a alma transtornada. Sinto como se um pedaço da minha alma estivesse morrido naquele campo de batalha, aos poucos, enquanto minha lança dilacerava meus inimigos. Senti meu pescoço sendo cortado enquanto o dela também era, mas foi apenas a sensação; a dor somente ela sentiu. Minha princesa, defendestes teu reino com maior fidelidade e bravura que qualquer de teus guardas, pois por nem um segundo pensastes em nos entregar aos inimigos e nos deixar à mercê da sorte. Talvez nem mesmo, nós, soldados de tua guarda, teríamos tanta coragem. Merecias estar viva muito mais do que teus guardas que restaram, incluindo eu, que lutou, mas foi derrotado pelo destino. Poderíamos ter trocado nossas vidas pela tua, mas nem isto tivemos coragem de propor; entramos já em batalha almejando tudo, quando poderíamos sair com apenas uma conquista, mas que valeria por toda dor que poderíamos passar: tua vida. Com certeza os inimigos aceitariam a vida de toda a guarda real em troca da tua, pois seria mais vantajoso para eles, mas tua guarda foi tão confiante que acreditou que nada poderia ser mais forte do que eles. Agora, aqui, sentados em valas onde os corpos estão jogados, estamos nós, os poucos que sobraram da guarda, mas que já não encontram motivos para voltar ao nosso reino. Voltaríamos porque? Perdemos o sentido de nossas vidas, perdemos o amor pela coroa e por nosso brasão. Sentimos-nos traidores da lealdade do corte, por não ter conosco a vida de nossa princesa. Sentimos-nos fracassados. As águas que correm pelo meu rosto caem como gotas de sangue que saem pelos meus ferimentos, e doem da mesma forma. Será que algum dia encontrarei a paz novamente se deixei-te escorregar por entre meus dedos porque quis ter tudo ao mesmo tempo? A glória, o reconhecimento, a vitória e tua mão. Eu não precisava de mais nada, a não ser tua mão. Agora não tenho mais nada. Somente tenho nas mãos os calos de um cavaleiro das sombras, que carrega sempre consigo uma arma e um escudo, que me protegem e ao mesmo tempo me ferem, em sinal que a luta não leva a paz, mas somente à dor.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Paradigma

O silêncio pode ser uma prisão, mas consegue ensinar mais do que qualquer escola.

A eterna noite da vida, ou da morte...

Estar à frente de batalha, em meu corcel negro, lança nas mãos, arco e flechas nas costas. Posso sentir o ar quente da respiração do meu cavalo em meus braços, quase congelados pelo frio que vem de dentro da floresta. Continuamos na espera do sinal; nosso batedor seguiu à frente para nos indicar o caminho, e nos mostrar a melhor posição para o ataque, e aqui estamos. Não estou no comando por hierarquia nem por declame do rei, mas estou no comando de coração, e não tenho medo de ser o primeiro a entrar nesta floresta com meu corcel e minha lança, escudo nos braços, porque sei melhor do que qualquer cavaleiro aqui o motivo de nosso ataque. Na verdade nosso ataque é nossa defesa; nos foi tirado o que tínhamos de mais precioso, e na condição de cavaleiro, acredito que me foi tirado a jóia mais rara não só do reino, mas de toda a terra. Nos foi tirado nossa princesa, em uma emboscada pelo campo, onde a guarda real falhou pois não estava preparada para um ataque tão maciço. Me foi tirado a inspiração que move meus pensamentos e enche meus pulmões de ar; me foi tirado a minha vontade de continuar vivo. Sei que ela nunca será minha, afinal, és nossa princesa, e eu, apenas um dos cavaleiros da guarda real, que nem mesmo posso mostrar meu rosto à ela. Estamos todo o tempo de armaduras, e com os rostos tampados por uma máscara de ferro; somos a força do reino, somos o braço forte da justiça do rei. Apenas os cavalos se mexem, em pequenos movimentos também, controlados por nós. O menor descuido nos revelaria ao inimigo, e colocaria nossa princesa em perigo eminente. O frio vai sumindo aos poucos do meu corpo, e meu corcel respira mais rápido, fica mais agitado. Parece que está pressentindo algo, e eu começo a sentir meu corpo se incendiar por dentro, e aperto a lança com mais força a cada instante. Nem dez homens tirariam a lança de minhas mãos agora. O momento deve estar chegando. As folhas de dentro da mata balançam; nenhuma tocha acesa conosco. Somos a escuridão agora, personificada em nossos pensamentos e em nossos atos, que irão se completar em instantes, assim que invadirmos o povoado, incendiarmos as casas, matarmos os guardas e retomarmos nossa princesa de dentro da cela dos rebeldes. Começa a ventar, e o frio volta novamente, mas só arde minha pele pois minha alma está em chamas; estou a um passo de ter a chance de ser o herói que tirará nossa princesa de lá, e talvez assim ela permita que eu retire minha máscara perante a corte. Não existe nem existirá nada tão importante quanto isto; um cavaleiro ser reconhecido pela corte. E talvez assim, ela, minha eterna dama dos meus sonhos me veja com sua alma, e não apenas com seus olhos. Minha vida é pouco para oferecer-te em troca de um minuto olhando tua face, linda e esplendorosa, com teu sorriso lindo que me encanta e me sufoca, me mata e me dá vida ao mesmo tempo. Só se passaram alguns minutos, mas parece que já estamos parados aqui há dias; este silêncio estranho da noite me encanta, mas revela meus medos também. Estou vendo toda minha vida se passando em minha frente agora. Pode ser que eu morra hoje, sem ao menos conseguirmos atingir nosso objetivo, e não posso descartar esta possibilidade. Sei que vários de nós ficarão hoje aqui, no campo do inimigo, com uma lança fincada no peito, mas com o orgulho de ter lutado pelo que acredita. E quanto a mim; vale a pena colocar numa balança de contra-peso a minha vida por um sonho que talvez nunca aconteça? Talvez esse futuro seja apenas um esboço de um passado que nunca existiu, pois já estive tantas vezes em tua frente, mas não podia nem sequer erguer o braço para tirar a máscara de ferro. Seria desonra. O vento pára novamente, e sentimos um calor estranho na mata. O batedor voltou, com uma tocha acesa, fazendo movimentos em círculo. É o sinal; é o momento de invadirmos. A trotes largos saímos, com uma lança em uma mão e a alma na outra. Estamos indo, princesa, temos várias vidas para trocarmos pela tua.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nada mudou.

As estrelas aos poucos vão se apagando, uma a uma, e uma luz muito maior começa a surgir no horizonte. O frio e a solidão da noite vão dando lugar ao frio e a solidão dos dias. Quando vi o sol surgindo hoje, vi também teus olhos, no alto dos céus, junto ao brilho maior que se impunha sobre as terras. Sobrou-me as lembranças, as frases que dissestes e escrevestes, a imaginação, que sempre foi o que mais me moveu. Lembranças de um passado que nunca existiu. Pequenos fragmentos de uma realidade fugidia que eu insisti em dar vida, para que meus dias tivessem sentido. Sei muito bem o que encontrei em ti, mas tu não entendestes o real significado disto, porque não era o momento para isto. Hoje, quando te procuro, te encontro nas pedras espalhadas pelo chão, te vejo refletida pelas águas que correm pelos cantos da estrada, vejo teu rosto desenhado pelo brilho do sol, e sinto tua mão tocando minha alma a todo momento. Eu deixei uma porta aberta quando te encontrei, e ela não mais irá fechar, pois eu joguei fora a minha chave. Só tu poderás fechá-la, um dia talvez, quando o destino assim o quiser e achar conveniente, e achar que sou digno de receber o presente mais lindo do mundo... um beijo teu. Mais lembranças de um passado que nunca existiu. Gosto de sonhar, mas na maioria das vezes esqueço a hora de acordar, pois tem vida lá fora, existem fronteiras para serem rompidas e buscas para serem terminadas. E não será através de sonhos que conseguirei isto. Não foi um sonho ter te encontrado; foi real. Isto é algo que eu não sei direito explicar, porque não sei falar sobre realidade. A minha tangente entre o real e o surreal é muito flexível, e eu nunca sei onde estou. Sempre prefiro acreditar no que me é mais conveniente, e acho que por isso eu sofro tanto. Porque não acredito na realidade, mas sim nos sonhos. Mas foi assim que tua lembrança me deixou; do mesmo jeito que me encontrou. Sem espada, sem escudo, e com os olhos fechados para o “real”. Tu entrastes em minha vida como uma rajada de vento que bate a porta quando passa, juntou em um canto todo sentimento e toda emoção que eu tinha, me fez acreditar que poderia ser especial para alguém, mas, da mesma forma que entrou, saiu batendo a porta novamente, deixando pra trás os restos destorcidos dos sentimentos que ainda sobraram. Onde havia escuridão, hoje são trevas eternas, e eu, que estava acostumado a viver “escondido”, hoje nem preciso me esforçar para isto. Nem sequer sou notado. Não tenho muito o que mostrar, não tenho muito o que dizer para as pessoas, e mesmo sem ter a mínima idéia de que está acontecendo, você é rotulado de anti social. Teu nome continua sendo um eterno poema em meu coração, poema que eu repito sem parar todos os instantes da minha vida, poema que voa com os ventos a cada respiração minha, poema que intriga e esclarece, dói e cura, ouve e faz calar, prende mas absolve, ataca em sua defesa. Teu nome está em cada grão de areia que vejo pelo chão, como forma de me lembrar que estás e sempre estarás em tudo do que eu me aproximar; meu amor por ti é forte e imponente, e ele não se digna a abaixar a cabeça pelo simples fato de que abandonastes minha vida, afinal, nada mudou.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Reflexão

Jurei pra mim mesmo que nunca iria postar algo que não fosse eu o escritor. Mas hoje, apesar de ter cantado esta música inúmeras vezes, confesso que nunca tinha lido a letra, com um texto. E descobri que é um enigma. Te peço que, pelo menos por uma vez, leia devagar cada estrofe, e tente entender o que esse gênio que compôs estava querendo dizer. Se você entender, irá me entender também. A minha vida é assim... Todos os créditos ao gênio Renato Russo. Indios Quem me dera ao menos uma vez Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem Conseguiu me convencer que era prova de amizade Se alguém levasse embora até o que eu não tinha. Quem me dera ao menos uma vez Esquecer que acreditei que era por brincadeira Que se cortava sempre um pano-de-chão De linho nobre e pura seda. Quem me dera ao menos uma vez Explicar o que ninguém consegue entender Que o que aconteceu ainda está por vir E o futuro não é mais como era antigamente. Quem me dera ao menos uma vez Provar que quem tem mais do que precisa ter Quase sempre se convence que não tem o bastante Fala demais por não ter nada a dizer. Quem me dera ao menos uma vez Que o mais simples fosse visto Como o mais importante Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente. Quem me dera ao menos uma vez Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três E esse mesmo Deus foi morto por vocês Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste. Eu quis o perigo e até sangrei sozinho Entenda Assim pude trazer você de volta pra mim Quando descobri que é sempre só você Que me entende do iní­cio ao fim. E é só você que tem a cura pro meu vício De insistir nessa saudade que eu sinto De tudo que eu ainda não vi. Quem me dera ao menos uma vez Acreditar por um instante em tudo que existe E acreditar que o mundo é perfeito E que todas as pessoas são felizes. Quem me dera ao menos uma vez Fazer com que o mundo saiba que seu nome Está em tudo e mesmo assim Ninguém lhe diz ao menos, obrigado. Quem me dera ao menos uma vez Como a mais bela tribo Dos mais belos índios Não ser atacado por ser inocente. Eu quis o perigo e até sangrei sozinho Entenda Assim pude trazer você de volta pra mim Quando descobri que é sempre só você Que me entende do início ao fim. E é só você que tem a cura pro meu vício De insistir nessa saudade que eu sinto De tudo que eu ainda não vi. Nos deram espelhos e vimos um mundo doente Tentei chorar e não consegui.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Desencanto

A cada passo que dou, sinto que o ar parece estar mais quente. Muita fumaça, poeira e o sol que ofusca meus olhos; mas tua figura não sai da minha mente, e é uma projeção constante em meu caminho, que me traz a todo instante a doce lembrança de teus olhos, vistos bem de perto, mas ao mesmo tempo toda a tristeza de saber que não mais os verei. O que seria afinal a condenação? Talvez eu já esteja no inferno, e apenas não queira aceitar isto. Talvez muita gente já esteja também, mas é bem mais cômodo acreditar que o julgamento ainda virá, e o sofrimento irá passar depois disto. Mas o que te faz acreditar nisto? Você leu em algum lugar, e acredito. Só isso??? Será que conseguimos provar realmente uma só coisa que queremos, se a outra pessoa não quiser acreditar? Sinceramente, acredito que nada se pode provar, até que se aceite o argumento como verdade, mesmo sem provas. É mais uma questão de querer, do que provar. Depois de tanto tempo querendo saber tudo, fingindo ter o controle de tudo e passando a idéia de que posso tudo, a cada dia que passa acredito mais que não sei nada, não consigo provar nada, porque até hoje também não tive provas de nada. Eu apenas aceitei acreditar nas coisas. Ainda sofro muito com tua distância, mas confesso que não sei mais o porque. Não sei mais onde está a distinção entre o verdadeiro e o falso, entre aquilo que se eterniza e aquilo que atormenta, entre o amor e a admiração, entre o perfeito e o exato. Apenas sei que preciso de ti, pois minha vida acaba a todo momento que me lembro que não alcanço tua mão. Mas não sei mais dizer o que é isto. Apenas é. Muita coisa continua como sempre foi; ainda escuto as lamentações pelos becos escuros do meu subconsciente, ainda enxergo aquele gato preto de olhos fechados dentro de uma sala sem portas nem janelas ( pelo menos sei que ele está lá ), ainda dói quando respiro o ar que não passou pelos teus cabelos. Mas, e a verdade? Onde está aquilo que deveria ser a verdade sobre tudo isso? Será que é possível se provar uma verdade? Uma vez ouvi que, uma mentira bem contada, depois de muito tempo se torna uma verdade impossível de ser desmentida. E eu acredito nisto, realmente. Existe muita coisa no mundo que pode ser isto simplesmente. Nem sequer sabemos de verdade no que acreditamos. Nem sei realmente se entendo o que é esse tão falado “amor”. Muitas vezes o que sinto tem tudo a ver com ele, mas em outras horas mais se parece com insanidade... Dependência talvez, como uma droga que me fez escravo para o resto de meus dias. Onde eu posso conseguir chegar com isso, afinal ? Talvez a melhor opção, seja ser eu mesmo o gato preto de olhos fechados, trancado numa sala sem portas nem janelas. Algumas pessoas apenas saberiam que eu estava lá, mas não teriam nunca como provar. Será que você, por algum instante, já parou pra pensar em quantas e quantas vezes você passa seu tempo como se não fosse você mesmo? Agindo apenas por impulso, por obrigação, pelo conceito do que é certo ou errado... E quem criou o conceito, estava certo ou errado? Meus textos tem muitas interrogações, e acho que isto é o mais próximo que se pode chegar do entendimento do que ou quem eu sou. Enigma, para mim mesmo. Estou cansado de não entender as coisas, de ser aquilo que me condicionam a ser, de ter parâmetros que eu nunca ajudei a construir. Eu não tenho que ser assim... Ninguém tem que ser assim. Até quando terei que ficar aqui, só olhando enquanto o tempo passa, e leva consigo tudo aquilo que consegui juntar ?... Afinal, pra que se preocupar com o tempo... Alguém pode me provar que ele existe? Talvez seja apenas um conceito.