Foi uma fração de segundos, mas pra mim foi como uma eternidade. Me vi jogado em um túnel escuro, que parecia não ter fim, onde foi como se tivesse passado anos caindo, e vendo cenas aleatórias passando pelas paredes. Cenas do mundo real, para onde eu estava indo; talvez fosse como uma preparação para ingressar novamente nesta estrutura universal chamado “mundo real”.
Mas, afinal, o que é real?
As pessoas se matando por um pedaço ínfimo de terra? Nações se voltando umas contra as outras por causa de um muro construído alguns metros fora do lugar, para separá-los?
Explorar de forma inconseqüente a tecnologia que levou séculos para se atingir e agora, de um momento para outro, tudo se volta contra nós?
Será que é real o ser humano acabando com o próprio local onde ele vive e tira seu sustento?
A única coisa real nisso tudo, é o resultado.
Hoje a humanidade vive em torno de um centro de gravidade que cada um tem o seu; ou seja, ninguém faz nada por ninguém. Isso leva a todas essas ruínas que citei, e outras tantas inúmeras que nem vale a pena ficar perdendo tempo para numerá-las.
Me senti como que caindo em minha cama, como se caindo do teto sobre a minha cama; com o barulho e a sensação, acordei. Ouvi o barulho de carros e pessoas conversando; me levantei e fui até a janela, e fiquei ali por um bom tempo olhando as pessoas passarem pela rua e os carros também; ficava imaginando para onde estavam indo com tanta pressa, às vezes, e o que eles estavam buscando em suas vidas.
Viver de ilusões, é o que a maioria sempre faz. Buscar em algum lugar forças para manter viva uma realidade fugidia que sua mente consegue criar, e onde ele coloca toda sua esperança... em vão. As vezes passam a vida toda assim, mas acabam não chegando à evolução nenhuma.
Só uma coisa ainda me intriga; eu ainda tenho algumas recordações. Normalmente, a única recordação que nós temos é a missão que viemos cumprir, mas desta vez algo aconteceu de diferente. Me lembro de uma pessoa; me lembro de alguém que amo muito, que não está no meu destino, mas não sei porque, não a esqueci, como todas as lembranças do que aconteceu.
Tenho nítido na memória o rosto dela, o seu sorriso lindo, e os seus olhos cor de mel, que ainda me fascinam, porque não consigo entender o que aconteceu. As lembranças param aí; não sei se falei com ela, só sei que a vi, para ter tantas lembranças assim da sua fisionomia.
Eu a amo, e é tudo que eu sei, e para que isso tenha sobrevivido ao retorno, só pode significar uma coisa; é minha Outra Parte. Acredito que não houve fusão, porque voltei, e porque sinto um vazio tão grande, que é como se minha alma estivesse pela metade.
Me sinto fraco; preciso de um tempo para recomeçar o caminho. Tudo está como estava antes das descobertas que porventura eu fiz, a diferença é que não me lembro de nada.
Por isso, vou continuar minha busca, mas ainda não sei por onde começar.
Minha doce e eterna inspiração, tua lembrança me dói tanto que sinto dificuldade em respirar, meu coração bate apertado, como se faltasse espaço para ele. Chão, eu não tenho agora. Acho que deixei com você o sopro da minha vida, para recomeçar apenas com a Luz da Anima Mundi. Te deixei o que eu mais precisava, e se fiz isso, devo ter tido motivos, e eu chamo isso de Amor.
Estou saindo novamente para o Sol, para seguir o caminho, e nas minhas lembranças vão a dor, a felicidade, a esperança que nunca morre, e o Amor que tenho por ti.
Esteja onde estiver, tenha coragem e forças para seguir ter caminho, porque senão era para ser comigo, era porque havia alguém que te merecia mais do que eu. Alguém mais digno, e com a Alma mais pura. Seja feliz, para que eu também seja, porque vou sentir tua presença e tuas sensações por todo o sempre.
Espero que meu Pai me dê a chance de te encontrar denovo, e que eu te mereça dessa vez.
Onde se encontre, só quero que se lembre de uma coisa sobre mim; eu te amo, mais do que minhas próprias existências como um Anjo de Resgate, e vou continuar te amando por todas as encarnações que eu passar até um dia poder ter novamente a chance de te merecer.
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