Poesia Gótica + linguagem moderna = Poesia Paralela
Poesias que fluem da alma, muitas vezes sem explicação, mas muitas vezes delimitando o caminho

quarta-feira, 23 de março de 2011

Chuva


A chuva está batendo na janela; o tempo mudou tão rápido que mal deu tempo para as pessoas mudarem também. O vento também é forte, e faz com que a chuva pareça bem mais forte do que é. Mas isso me agrada; por alguns instantes, eu fecho os olhos e vejo muita coisa que não está a meu alcance. Acho que é o som dela que me faz viajar...
Poderia durar mais, mas por um breve momento eu vejo seu rosto, exatamente como você é. É incrível como, num tempo tão curto que pude te ver, marquei com tanta facilidade cada traço da sua face. Essa luz que irradia dos seus olhos é que me confundi; apenas ficar contemplando-a não me deixa mais “completo”; sinto necessidade dela. De forma plena, mas não sei explicar como.
Aliás, muita coisa que vem acontecendo eu não sei explicar, apenas sinto. E sentindo, me deixo levar, porque não tenho vontade de me prender ao que não me dá liberdade de sentimentos. E sem dúvida, a maior liberdade de sentimentos que já senti está em contemplar seus lábios, imagem que eu não consigo esquecer, mesmo tendo sido apenas em uma breve conversa que tivemos.
Longe do alcance da minhas mãos, mas ao alcance da minha percepção, eu te sinto, sinto sua presença e a sua ausência. É um vazio indescritível, sensação de alma perdida num vácuo espaço tempo delimitado apenas pela saudade... Saudade infindável, que corre pelas minhas veias queimando meu corpo, até incendiar meu coração, e me fazer sentir como se saltasse num desfiladeiro sem fundo, apenas descendo, voando, caindo, sem nada mais abaixo, ou em volta, ou acima. É como um mergulho na obscura psicose frenética que acelera meus pensamentos, de forma que não tenho controle, e eles me levam, de um ponto a outro de seu sorriso, mas não me deixam dormir, nem acordar. É um transe, situação psíquica não tangível, até então impossível de se imaginar; passagem de uma ligação física inexistente para uma ligação na alma, que pernumbra por uma floresta sem fim, onde apenas corro sem direção exata, onde apenas o que me guia é seu cheiro, misturado ao frescor das plantas noturnas.
Apenas uma visão turva é o que tenho; mas também não me interessa, pois tenho algo muito mais especial no fim dessa floresta; existe um templo, que abriga uma deusa, que domina meus sentidos e minhas vontades; dirige meu reino e meus servos.
Realidade translúcida, que me envolve, mas não me deixa ver. Mas, será que eu quero realmente ver? Melhor viver com a emoção do que com a razão, se temos que escolher apenas um; e eu já escolhi.
A razão é a expressão daquilo no qual fomos condicionados a viver e respeitar pela sociedade que vivemos, pelas tradições e pelos mitos.
O sentimento, em sua forma plena, é a expressão máxima de um estado de consciência onde não existem leis nem regras, apenas a vontade de ser plenamente consumido pela realeza de um amor...

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