Poesia Gótica + linguagem moderna = Poesia Paralela
Poesias que fluem da alma, muitas vezes sem explicação, mas muitas vezes delimitando o caminho

segunda-feira, 28 de março de 2011

A outra face da moeda

Sentir; acho que esse é o verbo que eu melhor conheço nessa vida. Não no sentido físico, mas no anímico.
As sensações percorrem meu corpo; muitas vezes me elevam acima das próprias nuvens, muitas vezes desço além das profundezas mais distantes do abismo. Mas é assim mesmo que funciona; nada é completo até que se conheça o contraste entre as partes opostas. Esse é um outro lado dessa moeda chamada vida.
Muitos reclamam, detestam, e evitam a todo custo essas projeções do subconsciente, porque sabem que, no fundo, irão ver coisas que não querem, que não estão prontas pra ver. Mas sempre chega uma época na vida de todos, onde isso nos é imposto.
Ou fazemos corretamente, ou entramos num circulo vicioso, de onde é muito mais difícil sair, do que enfrentar essa realidade paralela.
Amor, doce amor, porque me jogaste dessa forma nesse dualismo onde as faces são tão opostas, e ao mesmo tempo tão importantes?
Sublimar meus sentidos? Talvez...
Testar meu dom de decisão? Talvez...
Escolher entre o correto e o que eu quero? Talvez...
Justiça, onde tu estás nesse momento ?! Luz da minha alma, não se apague perante a escuridão que me assola; meus sentidos já estão fracos pela procura, e não sei se chegarei à porta do meu refúgio...
Preciso fazer algo por um passado, um resgate de uma alma que traz em si o dom da claridade e a percepção do entendimento; mas na verdade, quero a inspiração dos meus dias, a luz das minhas manhãs, o cheiro do campo de lírios, o brilho das estrelas, a imensidão do mar, o enigma da união das almas, a luz da minha alma...
Podes a justiça ser tão injusta a esse ponto?
Claro que não; és simplesmente justa, e nada mais. Existe um dever, que me foi trazido pelo destino para que eu acerte algo que deixei pra trás, mas, embora eu não esperasse que tivesse acontecido, a luz da minha alma cruzou minha vida. Será possível esquecê-la, se ela é capaz de me guiar pelos escuros corredores que ligam o subconsciente à elevação da alma ao estado mais puro dos sentimentos, que já nem pertencem à esse nível?
Inspiração da minha vida, dá-me o prazer de um sorriso, me presenteie com um doce olhar carinhoso, para que eu não esqueça nunca que estou na cruz mais pesada que vida me impôs até agora.
Porque tive que esperar tanto tempo para ver-te? Porque nunca olhei nos teus olhos para reconhecer-te? Porque tanto tempo afinal?
Acredito que minha inspiração esteja se afastando... Sinto uma certa distância que não existia antes; mas eu sabia que seria assim, a partir do momento que eu a reconhecesse, e entregasse à ela meus segredos; a minha caixa de Pandora, que são na verdade um amontoado de palavras, juntas num romance contado através de páginas escritas há muito tempo, não por mim, mas por alguém que sabia das escolhas e das dificuldades desse momento.
O que eu poderia te pedir, inspiração?
Mais nada, afinal, você já me tem. Se a distância é nosso destino, aceito. Sofro, mas aceito pois sei que você brota do mais intimo do meu ser, abres meu coração e inflama-se de calor ao transcorrer meu corpo e minha alma. Leva contigo um pedaço das minhas vidas, pois eu sei que ainda chegará o dia que retornarás, em outra condição. Só não me tires as palavras, pois sem elas meu canto não é ouvido, e os céus não escutam meu coração. Me deixe adorar-te, pois feliz é aquele que encontra o motivo dos sonhos.
Sonho, pois, cada vez mais te sinto longe; não mais fraco, mas mais distante. Mas o que é a distância para um sonho?
Não é nada, pois a cada vez que caio por estar olhado para ti, dentro de mim, lembro-me de quanto vale a pena a dor que sinto. Dor, pois tu és a luz a qual não quero apenas contemplar, mas sim me jogar para dentro, e ser apenas um.

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