Poesia Gótica + linguagem moderna = Poesia Paralela
Poesias que fluem da alma, muitas vezes sem explicação, mas muitas vezes delimitando o caminho

quinta-feira, 24 de março de 2011

Doce Reencontro

Vento passa,
Tanto tempo eu tive pra ouvir o seu barulho; aprendi a diferenciar a direção que ele se impunha e o que estava trazendo pelo cheiro que trazia. Foi uma escola.
Aprendi com o Sol, ao entardecer, e com as estrelas, ao anoitecer. O vento sopra diferente à noite; traz outras lembranças e outras premícias, e entendi que são coisas realmente totalmente diferentes. A noite, e o dia. Entendi a magia que move a roda da vida, em cada um dos instantes, e assim, percebi que o tempo todo, eu estava me preparando. A vida, a natureza, tudo, estava me preparando; eu estava esperando um momento, uma pessoa em especial.
Todo o tempo que estive só, não foi em vão. As cartas que a vida colocou em minha manga são as mais valiosas que eu poderia imaginar, e se eu não tenho mais, foi porque cometi erros durante minha espera.
Acreditei no falso, por inocência, e entreguei meu relicário sem medo, me doando de corpo e alma. Mas eu estava errado, e perdi muitas das cartas com isso. Levei tempo e apanhei muito para recuperar parte delas; mas fazia parte do aprendizado. Aprendi a distinguir as situações; pelo menos, acho que aprendi.
Não vou cometer esse erro novamente.
Esperar é um dom; melhor se consumir na espera, do que a dor do reconhecimento pelo momento ter passado e não termos feito nada.
Encontrei. Por incrível que pareça, encontrei. Como sempre, na história, estava há muito tempo ao meu lado, e eu não via. Precisava um pouco mais de proximidade. Quando eu descobri, precisei ter certeza; e isso eu só poderia saber de duas formas; seus olhos, ou o próprio tempo me diria, mas eu não poderia me afastar. Nem que eu quisesse.
Mas eu não quis; o sentimento foi mais forte. Cada olhar seu, me queimava por dentro, me incendiava a alma e me levava do alto do olimpo às profundezas do inferno em segundos. Segurar a emoção não foi fácil; muito menos não ceder, pois eu não poderia jamais interferir. Mas eu vivi cada segundo, de cada palavra que falamos, e continuo vivendo isso. Ela ainda não sabe; mas em breve vai saber.
Claro, nada vai mudar, pois sei que ela vai entender; talvez não tão rápido, mas com o tempo, ela vai saber o que eu sinto, e porque eu sinto. É diferente, e ela vai entender; mas também vai entender o quanto é profundo.
Eu viajo em seus sorrisos, me encanto pelo seu olhar cor de mel, me sinto muitas vezes como um adolescente descobrindo seus sentimentos. Mas isso vai passando, e apenas o que é mais forte fica; a dependência.
Eu preciso das suas palavras, preciso do seu sorriso, preciso da sua sinceridade, preciso saber que você está feliz. E se não estiver, eu vou fazer qualquer coisa para que fique. Sei que não vou estar a seu lado, fisicamente, mas sempre vou estar; com a minha alma.
Vento que passa pelo seu rosto, e o toca com o carinho que só ele mesmo consegue levar, coloque minha mão sobre seus cabelos, deixe que eu cuide dela, deixe que eu a ajude com as pedras; água que corre pelos rios, e tantas vezes caiu sobre ela em forma de chuva, leve meus sentimentos para que eles a circulem, a protejam, e a envolvam de carinho. Terra que fica sob seus pés, por onde ela passa todos os dias, e sempre vai estar, tire as pedras do seu caminho, e a coloque num trajeto de felicidade, e não a leve para nenhuma rua sem saída; fogo, que me incendeia agora, continue a me consumir até que se complete o ciclo, e leve até ela o calor de um doce reencontro, perdido há tanto tempo que o próprio tempo esqueceu.
Luz em minha vida, sopro em minha alma, felicidade eterna, não negues o que te trouxe aqui; apenas um reconhecimento será o suficiente para que nunca mais fiquemos longe um do outro, e ao mesmo tempo, para que nunca mais precisemos passar por essa dor insana que consome a alma. Fique com o destino que você fez; ele está correto, apenas me reencontre, no sol. Essa é a essência da felicidade.

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