Poesia Gótica + linguagem moderna = Poesia Paralela
Poesias que fluem da alma, muitas vezes sem explicação, mas muitas vezes delimitando o caminho

quarta-feira, 30 de março de 2011

Conflito

Sou obrigado a admitir que, apesar dos meus esforços, parece-me que tu, oh sublima inspiração, continua recoberta pelas nuvens do obscuro abismo do consciente, onde tantas pessoas insistem em fixar seus olhos. Meus sentimentos já se mostram estar em movimento contraditório, seguindo um impulso sem retorno, procurando um espelho para se refletir, mas não a estou encontrando mais.
Não imaginava que a distância iria se formar tão depressa, depois de virada a última página. Talvez eu realmente esperasse muito de algo que já sabia que se tornaria apenas um traço em tua vida, logo esquecido e esvaecido em turvas águas velozes e traiçoeiras.
A vida nos ensina que, sempre, todas as nossas atitudes estarão em eterno conflito; se tudo gera uma reação, as reações por seguirem o espiral da trilha no vácuo espaço-tempo não limitado por leis, irão opor-se algum dia contra aquilo que as gerou.
Amor, eterno amor, porque tuas provas são tão cruéis? Queres mesmo me derrubar em solo, ou me atirares no abismo?
Hoje o que vives dentro de mim é um eterno conflito; as emoções me dizem que posso adorar-te, mesmo que faças questão de impor a distância como limitador entre nossas vidas; a razão me diz que estás certa, afinal, como posso me entregar ao infinito e desconhecido universo das almas, se sei que estás convicta de que estou errado?
Muitas lutas internas assolam minha vida hoje, e já não há mais um paralelo a ser seguido. O ideal já não figura mais com a mesma nitidez de antes; minha visão está turva, de tão longe que teu vulto me figura. Dizem que o tempo, ou a distância, curam qualquer coisa, mas não é a verdade absoluta. Existem coisas que nunca abandonarão nossas vidas, por mais que possamos querer ou que outras pessoas queiram.
Inspiração dos dias, se és a distância que te faz feliz hoje, que a distância permaneça para sempre. Mais importante do que ter achado-te, em meio a milhões de pessoas, é saber que a felicidade habita tua alma, e que acalma-se em teu mundo, muito mais real do que o meu.
Apenas uma coisa hei de te dizer, ou melhor, lembrar; lembra-te quando disse que chegaria o dia em que um de nós se distanciaria, pois não era nosso destino essa proximidade? Te prometi que não seria eu, e talvez agora tu entendas que o destino estás te impondo essa condição.
Embora tu também tenhas me prometido que não iria acontecer, sei que existem condições que não entendes ainda, das quais nada escapa, e não seria desta vez que uma exceção existiria.
Lamento pela forma que me impunhas esse abandono, pois serias bem menos difícil se tudo acontecesse naturalmente, mas parece-me que resolveste dar um empurrão na roda do universo, acelerando tudo.
Espero que, ao menos, as palavras que tive oportunidade de contar-lhe não se percam com o tempo, pois, mesmo seguindo teu destino que sempre admiti, lhe serão de grande utilidade. E que um dia descubras o verdadeiro significado da chave que te dei, que abre a porta do quarto escuro, sem portas nem janelas, onde há apenas um gato preto de olhos fechados...

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